Total de visualizações de página

domingo, 15 de maio de 2011

IMPERDÍVEL: Cópia Fiel estreia no Cinema da Fundação


Já não é de hoje que o cinema iraniano deixou de lado aquela produção que parecia falar unicamente da situação política de seu país por analogias com crianças. Uma belíssima obra que exemplifica essa evolução vem de um de seus cineastas ícones, Abbas Kiarostami, e estreia nesta sexta (13) no Cinema da Fundação Joaquim Nabuco. “Cópia Fiel” (Copie Conforme, Fra./Bel./Ita., 2010)  tem na arte, e em seu reflexo para repensar a própria vida, o seu foco de questionamentos.
É um filme elegante e intrigante. Não se pode adiantar muito a seu respeito, pois as transformações pela qual passam a dupla de protagonistas e as posturas que vão assumindo lá pelo meio do filme requerem uma total liberdade de leitura do espectador. É o tipo de situação que não se explica genericamente, mas só a partir da própria carga cultural que, individualmente, cada espectador traz consigo.
De qualquer forma, a “primeira parte” de “Cópia Fiel” nos apresenta James (o barítono britânico William Shimell) e Elle (Juliette Binoche, linda e perfeita, tendo levado o prêmio de melhor atriz em Cannes 2010). Ele, inglês, está em Toscana lançando seu livro “Cópia Conforme”, uma análise sobre a obra de arte, suas cópias e o valor de cada uma delas (sem que a có­pia seja necessariamente me­nos importante que a original).
Ela, uma francesa morando na Itália, aparentemente cria seu filho de oito anos sozinha. É o menino que insiste para que saiam da palestra de James para poder comer algo. É também o garoto que a acusa, brincando, dela estar paquerando o escritor. No outro dia, por convite de Elle, James a visita em sua loja de antiguidades e os dois saem para um café. Até chegar ao café, o casal discorre no carro, com leveza (mas profundidade), sobre questões que fazem parte da natureza do livro de James: legitimidade, autenticidade e a capacidade de enxergar ou atribuir valor a algo absolutamente desimportante ou até risível para outros olhos.
Esse assunto cresce depois nu­ma conversa entre Elle e uma senhora que lhe serve ca­fé, mas deslocando o foco do ob­jeto de arte para as relações afe­tivas, abrindo o filme, daí, pa­ra a tal nova dimensão quase inde­cifrável. Mas, diga-se, uma dimen­são “maestralmente” condu­zida pela mão (tanto a que es­creveu o roteiro, quanto a que di­rigiu o filme) de Kiarostami, além da performance sutil dos atores.
A princípio, “Cópia Fiel” pare­ce ter como forte interesse desta­car a necessidade de relativizar a importância das coisas da vida, mesmo porque, o que va­­le aqui, pode não valer ali. Não por acaso, o filme é falado em inglês, francês e italiano, sen­do Elle, a mulher, a úni­ca que consegue alcançar to­dos os sig­nificados para, no fi­nal, ser dei­xada pelo ho­mem, que precisa vol­tar à realidade. Perfeito.
Da Folha de Pernambuco
Enviar para o Twitter

Nenhum comentário:

Postar um comentário