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quarta-feira, 19 de outubro de 2011

TEXTO: Memória do Movimento Estudantil Brasileiro (Por Otávio Luiz Machado)


OBSERVAÇÃO DO BLOG. Texto Apresentado na Conference on Technology, Culture and Memory (CTCM), set. 2011. Reproduzimos aqui só uma parte do paper.

RESUMO: O PROJUPE constitui-se num importante trabalho de resgate da memória do movimento estudantil brasileiro, pois compôs um rico painel de dados sobre a atuação da juventude brasileira no século XX. O PROJUPE conseguiu fomentar o debate público sobre a importância do tema, como constituiu um importante acervo em mídias digitais.

Palavras-Chaves: Memória. Movimentos. Estudantes. Brasil. Protagonismo.

Estratégia para a preservação e acesso à informação

            Num primeiro momento da pesquisa mapeamos os acervos e construímos estratégias para a preservação e o acesso à informação de documentos que tratam do movimento estudantil brasileiro desde então. O apoio institucional de diversas instituições educacionais foi importante para que pudéssemos promover a publicação de parte da produção intelectual dos estudantes universitários, inclusive guardados em arquivos particulares. Consideramos que contribuímos para a divulgação inicial do potencial arquivístico e da importância dos estudantes entre os anos 1930 e 1980 das seguintes instituições: Escola Politécnica da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro); Escola de Minas da UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto); Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo); Escola de Engenharia de Pernambuco da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco); Escola de Engenharia da Universidade Presbiteriana Mackenzie; Escola de Engenharia da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul); Escola de Engenharia da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais); Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA); 10) Escola de Engenharia da UFF (Universidade Federal Fluminense); Centro de Tecnologia da UFC (Universidade Federal do Ceará); Centro de Tecnologia da UFPA (Universidade Federal do Pará); Escola de Engenharia da UFBA (Universidade Federal da Bahia); Escola Politécnica da Universidade de Pernambuco (UPE); Escola de Engenharia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF); Escola de Engenharia da USP de São Carlos.

No segundo momento ampliamos o trabalho para além das escolas de Engenharia, mas focando, sobretudo no movimento estudantil universitário nos aspectos mais nacionais. Uma atividade imprescindível para o projeto foi a criação de uma rede de pesquisadores de cunho transdisciplinar, envolvendo as áreas de História, Sociologia, Arquivística, Educação e Cultura Brasileira, com os quais dialogamos ao longo de todo o projeto.

No terceiro momento a nossa preocupação principal foi com a memória das juventudes pernambucanas, considerando que a própria UFPE precisava contribuir para o Estado em atividades dessa natureza, bem como a alta produtividade histórica da juventude em debate.

O último momento das atividades está em curso, focado principalmente na divulgação dos resultados obtidos nos projetos e o apoio intensivo à realização de novos trabalhos. Consideramos isso uma “colheita de frutos” de todo o esforço após um longo, profundo e difícil momento de coleta de dados, sistematização, redação de trabalhos e montagem de uma base de dados eletrônica, que consiste atualmente num blog (o site será desenvolvido em breve).

Foram digitalizados livros, documentos raros, fotografias e áudios das entrevistas, que foram disponibilizados em um dvd-rom e distribuídos por quase todo o País. Em seguida todo o material foi disponibilizado na “internet”, seja nos diversos blogs que criamos, seja em repositórios como o youtube.

A divulgação dos dados e os respectivos links de acesso continuam sendo feitos numa lista de mais de 50 mil e-mails que cadastramos periodicamente, bem como nas novas ferramentas que incorporamos recentemente as nossas atividades, como o twitter e o facebook.

A vantagem do blog é que podemos registrar, ao mesmo tempo, cronologicamente o desenvolvimento das atividades, com o contexto de produção do trabalho, inserindo os dados capturados em várias fontes que cotidianamente temos acessos e também precisam ser publicizadas.

O mais interessante nesse tipo de rede social na internet é que podemos divulgar a nossa própria produção acadêmica com as dos colegas que se debruçam sobre o tema, sem deixar de integrar os nossos depoentes, interlocutores, apoiadores, colaboradores ou os próprios  jovens que se interessam pela história e a sociologia da juventude.

No momento buscamos integrar os principais eventos acadêmicos que acontecem em Recife com a divulgação da própria história dos jovens  e das instituições com as quais dialogam ou estão envolvidos diretamente. É um trabalho que exige uma profunda atualização do nosso banco de dados, sem contar a necessidade de ficarmos “antenados” a enorme agenda de datas e atividades.

Por exemplo, em 2011 tivemos na UFPE a reinauguração do restaurante universitário, que ficou cerca de 18 anos desativado, bem como as eleições para o reitorado. Trata-se de momentos especiais onde a história da juventude é ressignificada e nos quais podemos trabalhar diversos aspectos históricos que são heranças que os nossos jovens nem sempre percebem com facilidade, pois muitas conquistas históricas trazem a marca da luta de várias gerações. Nas universidades públicas temos mais condições de dar visibilidade a esse tipo de atividade,  considerando que o campus é um local privilegiado de troca de experiências e informações.

Outro aspecto a considerar é a produção própria dos movimentos estudantis no dia a dia, tanto de documentos e outros registros, como o próprio protesto público que vez ou outra promovem e necessitam do devido registro e divulgação, considerando que a preocupação para que as novas gerações possam ter acesso ao que é produzido hoje também exige um tipo de intervenção que os nossos projetos constroem nesse sentido.

Com o aparecimento de tantos outros nomes fundamentais para a compreensão da história da juventude brasileira durante a divulgação dos principais resultados do nosso trabalho, o esforço continua com a realização de novas entrevistas e o registro em vídeo de todo o trabalho que a UFPE realiza de interesse dos jovens, pois ainda identificamos enormes lacunas de registros no meio universitário que vivenciamos.
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