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domingo, 30 de outubro de 2011

MATÉRIA: Interesses eleitorais do PC do B são obstáculo para 'faxina' no Esporte

FONTE: http://www.portalrcr.com.br/noticias/politica/28533-interesses-eleitorais-do-pc-do-b-sao-obstaculo-para-faxina-no-esporte/pagina/9

A 'faxina' exigida pela presidente Dilma Rousseff no Ministério do Esporte obriga o novo titular da pasta, Aldo Rebelo, a mexer num 'paredão' de comunistas, boa parte composta por ex-dirigentes da União Nacional dos Estudantes (UNE), alocados em áreas estratégicas e suspeitos de desvio de recursos públicos. Aldo vive um dilema. Recebeu a ordem da presidente para mudar o comando da pasta, mas sabe que as trocas em meio a um escândalo de corrupção respingam nas pretensões eleitorais do PC do B em 2012.

A tropa do partido dentro do ministério não é técnica, mas política e com objetivos concretos na disputa municipal do ano que vem. São dirigentes regionais e nacionais da legenda, homens de comando do PC do B nos Estados, que agora temem a exposição pública. Temem ainda ser demitidos a partir de amanhã, quando Aldo Rebelo toma posse, numa 'faxina' semelhante à que ocorreu no Ministério dos Transportes em julho.
Por enquanto, Aldo Rebelo só confirmou a saída do secretário executivo, Waldemar Souza, do PC do B do Rio - uma espécie de número dois da pasta. Há pelo menos mais sete pessoas que podem entrar na forca após a queda de Orlando Silva: Wadson Ribeiro, Ricardo Capelli, Ricardo Gomyde, Alcino Reis Rocha, Fábio Hansen, Vicente José de Lima Neto e Antonio Fernando Máximo.
Desses, apenas um tem o respaldo do Palácio do Planalto para continuar: Alcino Rocha, secretário nacional de Futebol, que tem atribuições ligadas à Copa de 2014.
Para o governo, Alcino está desvinculado do esquema montado no ministério e Aldo Rebelo já foi avisado que, se quiser, poderá mantê-lo. Alcino foi quem assinou um convênio de R$ 6,2 milhões, em dezembro de 2010, com um sindicato de cartolas para um projeto de cadastramento de torcedores que não sai do lugar. O Estado publicou reportagem, em agosto, em que o presidente do Sindicato das Associações de Futebol (Sindafebol), Mustafá Contursi, admitia que a entidade não tinha estrutura para tocar o convênio.
Wadson. O caso mais emblemático para Aldo resolver será o de Wadson Ribeiro, ex-presidente da UNE e hoje secretário de Esporte Educacional, setor que cuida do programa Segundo Tempo, foco de irregularidades e desvios de verba.
Ribeiro é também membro da direção nacional do PC do B e pré-candidato à Prefeitura de Juiz de Fora. Wadson foi secretário executivo do ministério na gestão passada e assinou boa parte dos convênios suspeitos, entre eles um que beneficiou uma entidade de sua cidade com repasses de mais de R$ 9 milhões.
A demissão do secretário de Esporte Educacional agora enfraqueceria o PC do B em Minas, na avaliação de dirigentes da sigla. O PC do B gostaria que Wadson saísse somente em 2012 do Ministério do Esporte para disputar a eleição.
Outro nome da pasta que está na berlinda e é protegido do partido é o chefe de Antônio Fernando Máximo. Secretário regional de Ação Institucional e Políticas Públicas do partido, o nome dele foi envolvido nos escândalos de corrupção do Esportegabinete da Secretaria de Esporte Educacional, pelo fato de uma empresa com a qual tem ligações ter sido favorecida com recursos da pasta. Aldo quer demiti-lo.
Para diminuir o desgaste com o PC do B mineiro, porém, gostaria de manter Ana Maria Prestes Rabelo, neta de Luiz Carlos Prestes e assessora internacional do ministério.
O PC do B do Paraná rejeita o nome de Ricardo Gomyde numa lista de degola pós-escândalo. Ex-dirigente da UNE, Gomyde é assessor especial do gabinete do ministro do Esporte e vice-presidente regional do partido.
Gomyde chegou ao ministério após brigar com o ex-governador do Paraná e hoje senador, Roberto Requião (PMDB), que o demitiu da Secretaria de Esportes. É ex-deputado federal e pré-candidato a prefeito em 2012.
Dirigente do PC do B no Rio de Janeiro, Ricardo Cappeli é outro que tenta se segurar no ministério. Assim como Aldo Rebelo, Orlando Silva e Wadson Ribeiro, ele já foi presidente da UNE. Hoje dirige o programa da Lei de Incentivo ao Esporte como trampolim para as eleições de 2012.
Cappeli já teve seu nome envolvido em irregularidades no programa Segundo Tempo quando foi candidato a vereador em 2008.
Fora do baralho. O chefe de gabinete do ministério, Vicente José de Lima Neto, é praticamente carta fora do baralho. Dirigente do PC do B baiano, ele é amigo e conselheiro de Orlando Silva. Passam por Lima os temas mais importantes da pasta que precisam de uma opinião do ministro.
É esperada também a exoneração de Fábio Hansen, que hoje trabalha no Departamento de Programas do Esporte, Educação, Lazer e Inclusão Social. Ele é acusado pelo policial militar João Dias Ferreira de participar do esquema de fraude no Segundo Tempo. O militar afirmou, em entrevista à revista Veja, que o ex-ministro Orlando Silva recebia dinheiro desviado de ONGs conveniadas ao Esporte. Doze dias após a denúncia, Orlando Silva deixou a pasta. Hansen está na conversa gravada por Ferreira em abril de 2008, quando negociam um acordo para salvar a entidade do delator das cobranças que o ministério fazia.
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