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sexta-feira, 18 de março de 2011

OPINIÃO: Os Candidatos a Reitor da UFPE e os Estudantes Universitários

OPINIÃO: Os Candidatos a Reitor da UFPE e os Estudantes Universitários
Por Otávio Luiz Machado. Pesquisador da UFPE


No último pleito para a escolha do Reitor e Vice-Reitor da UFPE apenas 25% estudantes votaram. Naquele momento, quando os movimentos estudantis estavam mais uma vez fragmentados e fragilizados pelas inúmeras divisões internas que anulavam a atuação mais incisiva dos estudantes nos assuntos de interesse da universidade, a UFPE vivia um momento muito especial e positivo.

O nosso objetivo aqui é o de apresentar os principais pontos que ligam os candidatos ao Reitorado 2011-2015 à vida universitária da UFPE, ontem e hoje.

Pierre Lucena entrou na UFPE como estudante de Graduação em Administração. Formou-se em dezembro de 1994. Teve como principal experiência no movimento estudantil a Presidência do DCE (gestão 1993-94). Sua gestão é até hoje questionada quanto à dedicação maior ao superdimensionamento da estrutura do DCE ao invés da fomentação de uma pauta efetiva para o atendimento das condições melhores de permanência dos estudantes na UFPE.

A exclusão social dos estudantes da UFPE era muito acentuada. Suicídios de estudantes da Casa do Estudante, o fechamento do Restaurante (RU) e a perseguição de estudantes pela Reitoria servem para ilustrar claramente o ambiente na UFPE durante a gestão do Reitor Efrem Maranhão.

Pierre se considera um Professor com muita proximidade dos seus alunos e um candidato que fala a linguagem dos estudantes, mas ficou numa situação difícil em 2007 quando, declarando que a Reitoria deveria reprimir a manifestação dos estudantes na UFPE, emitiu a seguinte opinião: “Por que não colocou até hoje a segurança da UFPE para fechar o prédio, e só deixar os estudantes saírem, e não entrarem?”.

Um ponto muito forte da campanha de Pierre Lucena é o incentivo aos debates na UFPE e a criação de mais áreas de convivência para os estudantes.

Mas as dificuldades de convencimento do candidato Pierre são imensas, pois como crítico da expansão de vagas para os estudantes de graduação e pós-graduação na UFPE, creio que será difícil ao candidato explicar aos estudantes e demais membros dos novos campi (de Caruaru e de Vitória de Santo Antão) e de cursos criados recentemente que se for eleito irá cuidar de todos os setores da UFPE com tratamento equânime (o que vale também para funcionários e professores com menos tempo na UFPE).

Também seria difícil para Pierre convencer todos os estudantes – pela sua condição de opositor sistemático aos níveis de governos municipais, estaduais e federais – que terá prestígio para captar mais recursos que seriam suficientes para promover suas promessas de campanha. Ou explicar como seriam os cortes para encaixar suas propostas.

Anísio Brasileiro foi um típico estudante que saiu de sua cidade natal e veio para Recife realizar o sonho de cursar uma Universidade. Fez Engenharia Civil, formando-se em 1977. Como todo estudante vindo do interior, a moradia na Casa do Estudante da UFPE e sua assiduidade na Biblioteca Central e no Restaurante Universitário deram a ele uma experiência universitária singular.

Anísio teve participação intensa na retomada dos Diretórios Acadêmicos da UFPE (em 1975), bem como no Diretório Acadêmico da Escola de Engenharia da UFPE. Na Pós-Graduação também atuou em defesa dos estudantes através da Associação Nacional de Pós-Graduandos.
Como Professor, a sua atuação em benefício dos estudantes se deu não apenas com a contribuição permanente aos estudantes do seu Centro, mas pelo movimento dos docentes. A participação dos estudantes nas eleições para Reitor com o mesmo peso aos de docentes e técnicos administrativos foi conquista importante da geração de Anísio. Ele foi um dos primeiros nomes a se envolver na Associação dos Docentes da UFPE (ADUFEPE).

Outra contribuição do Professor Anísio aos estudantes ocorreu na Pró-Reitoria de Extensão (PROEXT), como a entrada na UFPE no Programa Conexões de Saberes, a ampliação do número de bolsas para estudantes e a criação de condições aos estudantes para a realização de mais atividades extra-curriculares. Na Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PROPESQ) foi intenso seu trabalho para a ampliação das bolsas de pós-graduação e o fortalecimento do Programa de Iniciação Científica da UFPE (PIBIC).

Nos momentos que exigia o maior diálogo entre a administração central e os estudantes, o Professor Anísio sempre se colocou como o principal interlocutor. Nunca incentivou a repressão aos estudantes, pois é um articulador muito voltado ao diálogo e ao entendimento e não à imposição.

O Professor Gilson Edmar formou-se no Curso Medicina na UFPE (em 1966). Colaborou com as atividades do Diretório Acadêmico da Faculdade de Medicina, bem como foi membro ativo de uma entidade científica voltada ao estímulo da produção de trabalhos de pesquisa entre os estudantes de Medicina, a Sociedade de Internos dos Hospitais de Recife, que foi precursora da iniciação científica na UFPE.
Além de atuar para o ingresso de novos estudantes nessa Sociedade, Gilson Edmar também presidiu a entidade, inclusive organizando diversas atividades extracurriculares em benefício dos estudantes da UFPE.

Como Professor, o que se pode dizer é que Gilson Edmar sempre envolveu seus estudantes nas atividades de pesquisa e extensão que desenvolve na instituição, bem como orientou diversos estudantes da área de Saúde.

Como Vice-Reitor, Gilson contribuiu decisivamente com os estudantes, seja apoiando a abertura de mais vagas para a graduação e a pós-graduação, seja contribuindo para a criação de mais políticas de apoio ao estudante da UFPE para a manutenção dos seus estudos. Suas propostas estão voltadas para a ampliação da assistência estudantil na UFPE, inclusive propõe a criação de uma Secretaria Especial para os Estudantes. A ampliação da Creche Universitária, de áreas de convivência e do Restaurante Universitário (RU) encontram-se como plataformas fortes da sua campanha.

As dificuldades de convencimento dos eleitores pelos Professores Anísio e Gilson – que fazem parte da atual administração – passam pela argumentação da promessa da continuidade de recursos extra orçamentários para a consolidação dos avanços reais na gestão do Professor Amaro Lins. Precisam se posicionar com firmeza quanto ao processo de interiorização e da abertura de novos cursos, pois foram dois nomes muito entusiastas nessa questão.
Também como árduos defensores da universidade pública, gratuita, de qualidade e socialmente referenciada, Anísio e Gilson Edmar precisam sustentar mais uma vez que o financiamento público das nossas universidades federais precisa ser ampliado para o maior atendimento das demandas de estudantes, técnico-administrativos e professores.


SERVIÇO: Os vídeos que fizemos com todos os candidatos estão aqui:

http://movimentosjuvenisbrasileirosparte7.blogspot.com/2011/03/videos-com-todos-os-candidatos-reitor_11.html
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