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domingo, 13 de março de 2011

MEMÓRIAUFPE: Redator do Blog Acerto De Contas ensina como Deve ser o Ensino no Centro de Educação da UFPE

MEMÓRIAUFPE: Redator do Blog Acerto De Contas Apresenta como Deve ser o Ensino no Centro de Educação da UFPE

FONTE: http://acertodecontas.blog.br/artigos/o-modelo-magistral-de-aula-uma-critica-ao-centro-de-educacao-da-ufpe/

reflexão
O modelo magistral de aula: por uma crítica ao Centro de Educação da UFPE

Ao cursar algumas disciplinas no Centro de Educação da UFPE, sempre tive problemas com alguns professores. E, isso se deve a muitos fatores. Um deles é a prática corriqueira de parte significativa dos professores daquele Centro (devo deixar bastante claro que não são todos) em buscar em suas aulas extrair dos alunos suas impressões, suas experiências e suas opiniões.

Não acho que sala de aula seja um ambiente onde deva imperar a “democracia”, pois se os professores estão interessados nas experiências e nas opiniões dos alunos, que as conheçam em conversas extra-sala.

Sou favorável ao modelo de Aula Magistral: professor na frente do quadro, livro-texto lido em casa pelo aluno, que deve estar na frente do professor, ouvindo o que este tem a dizer. Quando digo “aula magistral”, estou dizendo no sentido mesmo que parte significativa dos professores do Centro de Educação parece repudiar.

Com uma sutil diferença do modelo clássico de aula magistral, onde os alunos deviam abaixar a cabeça, e nem sequer tirar dúvidas. Penso que tirar dúvidas deveria ser o máximo permitido aos alunos – como renovação de certo modelo magistral, que privilegiasse a transmissão intensa dos conhecimentos dos professores aos seus alunos.

Em sua maioria, percebo que existe uma idéia de que a democracia deve se exercer dentro de sala de aula, elevando os alunos ao status de “professores colaboradores”.

Acredito que esta é uma fórmula equívoca encontrada por alguns professores para “fugir” dos seus deveres de ensinar, assumindo uma postura que pretensamente se “legitima” em princípios democráticos do saber colaborativo, edificando uma falácia de que este modelo trará “acontecimentos” à aula.
Poucas vezes vi tais acontecimentos… No geral, sempre uma panacéia de estórias de experiências pessoais que nada contribuem, ou falações óbvias sobre aquilo que já está dito no texto, numa clara demonstração vaidosa por parte dos alunos de que “eles leram” o texto.

As “experiências pessoais” em sala de aula pouco colaboram. Assim eu penso, e já me senti angustiado muitas vezes quando os colegas de classe começavam a fazer suas miraculosas narrativas pessoais que pouco ou nada acrescentavam à aula, senão na perda de tempo dela, numa fórmula clara de os professores fazerem “passar” mais rápido aquele momento – que poderia ser bem mais proveitoso caso os professores se esforçassem em se reciclar, no sentido de trazer novos conteúdos adquiridos por eles em suas leituras e debates extra-classe.

Aqui entram os bons professores: aqueles que não se deixam esquivar do momento precioso da aula, com a prática de leitura em sala. Leitura se deve fazer em casa (ou mesmo no bar – desde que fora da sala de aula). Em aula, no máximo leituras de trechos e/ou citações.

No caso das apresentações de seminários, a situação se inverte e os alunos devem assumir essa postura magistral, reservando, caso achem necessário, um momento após a apresentação para realizar algum debate. Desde que os seminários não ocupem metade ou mais da metade do semestre – a não ser nas disciplinas de prática de ensino.

Não acho correto depositar nos alunos a responsabilidade de acrescentar conteúdos à aula. Assim como não acho correto os professores perguntarem o que os alunos estão achando da aula – ou, o que é pior, fazer “repetecos” da aula anterior, fomentando “debates” sobre aquela aula que passou, conduzindo a aula presente a lugar nenhum.

Acredito que os debates devam acontecer fora da sala de aula, no seio da sociedade, nas instâncias propícias, após as palestras, nas instituições públicas, em fóruns, nos corredores da Universidade, em casa, em roda de amigos, nos bares, etc.

Menos na sala de aula. Ali, deve-se ouvir o que o professor tem a dizer. E, se o aluno discorda, não tem que bater de frente com o professor. Que o aluno tome nota de sua crítica, e construa seu pensamento para defendê-lo do lado de fora – na sociedade.

Já tive discussões muito desgastantes com professores dentro da sala de aula, quando me perguntaram “o que estava achando da aula”, e eu disse categoricamente que apenas estava ali para ouvir o que ele tinha a dizer, e que não tinha nada a acrescentar, que a aula era dele. Um desses professores (que, óbvio, não citarei o nome) não gostou de minha atitude e ficou furioso comigo, iniciando uma verdadeira perseguição o resto do semestre. Ora, se perguntou, então que estivesse preparado para ouvir, seja lá o que for.

Não quero generalizar, nem vou citar nomes, mas isso aconteceu mais de uma vez comigo no Centro de Educação, e também com vários amigos meus que por lá passaram ou ainda estão.

Isso não é uma exceção, é quase regra – infelizmente. Exceção são os professores de verdadeiro conteúdo, ao contrário dos que buscam artimanhas para ganhar tempo de aula (ou perder?), tão bons a ponto de os alunos espontaneamente se calarem para ouvi-los. E, estes também existem no CE, claro.

No modelo de aula magistral que defendo, os professores falam, os alunos ouvem, e, no máximo, tiram algumas dúvidas. Sem preencherem as aulas com leituras que deveriam ser feitas com antecedência, nem operando críticas ao que for exposto pelo professor no momento da aula. Que as críticas sejam levadas para fora, pois são muito importantes – e o silêncio em sala de aula não significa necessariamente ausência de pensamento crítico, significa respeito ao professor e aos demais colegas de classe.

Sou contrário ao “modelo democrático-colaborativo” de aula. Para mim, aluno é aluno, professor é professor, e este deve exercer sua autoridade baseada em seus conhecimentos – que se conquista, sobretudo, pela admiração dos alunos a ele, muitas vezes resultado da sua capacidade profissional.

As críticas que operei neste texto podem parecer absurdas aos olhos de alguns. Pretensiosas aos olhos de outros. Admiráveis aos olhos de outros mais. De minha parte, digo apenas que é o que penso. E, assim pensando, expresso-o exercendo meu direito de liberdade de expressão. O direito de discordância dos leitores também está reservado e garantido, na seção de comentários logo abaixo, ou no pensamento.

* Sugiro a leitura do verbete Professor, da entrevista intitulada Abecedário de Deleuze, que começa na página 31 do pdf. que vocês podem acessar clicando aqui.

Autor: André Raboni - 09/09/08 às 10:58 - Enviar por email - Imprimir
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