Por MIRELLA MARQUES
Universitários beneficiados pelo Prouni abandonam estudos por falta de tempo e de dinheiro
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Imagem: DP |
O sonho de passar no vestibular teve um gostinho especial para Danielle Karine da Silva, 31 anos. É que, além de ver seu nome no listão, ela também foi aprovada em outra concorrida seleção: o Programa Universidade para Todos (Prouni). Através do Prouni, o governo federal subsidia bolsas de estudo em faculdades particulares. Em troca, essas instituições recebem isenção no pagamento de impostos importantes como o PIS e o Cofins. Em Pernambuco, a maioria das bolsas é integral. Uma delas foi de Danielle, em 2008. Mas a pernambucana não pôde concretizar o sonho. Ela entrou nas estatísticas dos alunos que saíram do Prouni, que chegam a 25% em todo o país, segundo dados do Ministério da Educação (MEC). Isso significa que um em cada quatro bolsistas sai do programa.
Em Pernambuco, não existem estatísticas oficiais, mas esse índice gira em torno de 20%, segundo apurou a equipe de reportagem do Diario. “Me esforçava para ir todos os dias às aulas, mas depois fiquei grávida e tentei conciliar o curso com a maternidade, sem sucesso. Restou abandonar a universidade”. Danielle cursou até o 2º período de licenciatura em química na Unicap. Ao contrário do que se possa imaginar, os motivos para desistir de estudar numa faculdade privada mesmo sem ter que pagar pelas mensalidades são muitos. Baixo rendimento também provoca cancelamentos. Mas a solicitação para encerramento da bolsa, na maioria das vezes, é feita pelo próprio aluno. Isso acontece quando eles conseguem outra aprovação em uma instituição pública, quando os horários do trabalho inviabilizam a presença nas aulas ou quando não há condições financeiras.
Estudar em uma universidade requer recursos. Apesar de existir uma bolsa permanência de R$ 300 para estudantes carentes do Prouni, ela só é ofertada para os cursos com mais de seis horas diárias. Quem não se encaixa nesse grupo precisa bancar os custos com passagem, alimentação, xerox e livros. Dinheiro que muitos bolsistas não dispõem.
Foi por esste motivo que Renato Cabral, 18, também desistiu. Ele chegou a frequentar as aulas de psicologia na Faculdade Maurício de Nassau, mas acabou pedindo o encerramento da bolsa. “Estava desempregado e a minha mãe é autônoma. O dinheiro era incerto”. O estudante Néliton Vanderley, 20, quase desistiu. Nos primeiros períodos do curso de administração, chegou a ir de casa, no bairro de Água Fria, até a Unicap, na Boa Vista, a pé, por não ter dinheiro para a passagem.
“Nunca recebi ajuda do Prouni além da bolsa”, disse. Hoje ele é estagiário e ganha R$ 675, quantia que acha suficiente para garantir a permanência na universidade. A estudante de direito da Unicap Nataly Rayane, também bolsista do Prouni, reclama que já chegou a gastar R$ 60 por mês só de fotocópias. “É um valor alto, sim”, afirmou. A evasão dos bolsistas do Prouni preocupa as instituições particulares. Quando uma vaga é encerrada depois da matrícula e antes do prazo de término, ela acaba ficando “presa”. “É uma pena, porque sabemos que muitos alunos gostariam de estar aqui”, comentou a coordenadora do Prouni na unidade da Maurício de Nassau do Recife, Érika Manso.
O MEC informou, no entanto, que o percentual de evasão ainda é menor que o registrado no ensino superior do país de modo geral. Para o Ministério, apenas 11,5% abandonaram o ensino superior de fato, sendo excluídos os ex-bolsistas que continuaram estudando. Em 2009, o ensino superior privado brasileiro teve um índice de evasão de 17,9%.
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Em Pernambuco, não existem estatísticas oficiais, mas esse índice gira em torno de 20%, segundo apurou a equipe de reportagem do Diario. “Me esforçava para ir todos os dias às aulas, mas depois fiquei grávida e tentei conciliar o curso com a maternidade, sem sucesso. Restou abandonar a universidade”. Danielle cursou até o 2º período de licenciatura em química na Unicap. Ao contrário do que se possa imaginar, os motivos para desistir de estudar numa faculdade privada mesmo sem ter que pagar pelas mensalidades são muitos. Baixo rendimento também provoca cancelamentos. Mas a solicitação para encerramento da bolsa, na maioria das vezes, é feita pelo próprio aluno. Isso acontece quando eles conseguem outra aprovação em uma instituição pública, quando os horários do trabalho inviabilizam a presença nas aulas ou quando não há condições financeiras.
Estudar em uma universidade requer recursos. Apesar de existir uma bolsa permanência de R$ 300 para estudantes carentes do Prouni, ela só é ofertada para os cursos com mais de seis horas diárias. Quem não se encaixa nesse grupo precisa bancar os custos com passagem, alimentação, xerox e livros. Dinheiro que muitos bolsistas não dispõem.
Foi por esste motivo que Renato Cabral, 18, também desistiu. Ele chegou a frequentar as aulas de psicologia na Faculdade Maurício de Nassau, mas acabou pedindo o encerramento da bolsa. “Estava desempregado e a minha mãe é autônoma. O dinheiro era incerto”. O estudante Néliton Vanderley, 20, quase desistiu. Nos primeiros períodos do curso de administração, chegou a ir de casa, no bairro de Água Fria, até a Unicap, na Boa Vista, a pé, por não ter dinheiro para a passagem.
“Nunca recebi ajuda do Prouni além da bolsa”, disse. Hoje ele é estagiário e ganha R$ 675, quantia que acha suficiente para garantir a permanência na universidade. A estudante de direito da Unicap Nataly Rayane, também bolsista do Prouni, reclama que já chegou a gastar R$ 60 por mês só de fotocópias. “É um valor alto, sim”, afirmou. A evasão dos bolsistas do Prouni preocupa as instituições particulares. Quando uma vaga é encerrada depois da matrícula e antes do prazo de término, ela acaba ficando “presa”. “É uma pena, porque sabemos que muitos alunos gostariam de estar aqui”, comentou a coordenadora do Prouni na unidade da Maurício de Nassau do Recife, Érika Manso.
O MEC informou, no entanto, que o percentual de evasão ainda é menor que o registrado no ensino superior do país de modo geral. Para o Ministério, apenas 11,5% abandonaram o ensino superior de fato, sendo excluídos os ex-bolsistas que continuaram estudando. Em 2009, o ensino superior privado brasileiro teve um índice de evasão de 17,9%.
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