Se a ideia era passear pelos “caminhos que a sua mãe sempre te mandou evitar à noite”, então ela foi bem sucedida. Cerca de 500 pessoas munidas de bexigas brancas, lanternas e velas saíram às 20h45 da FAU, na última sexta-feira, 18 de novembro, e fizeram uma passeata de cerca de duas horas em nome da segurança no campus.
Em meios aos batuques do grupo Maracatu e gritos de “PM não, iluminação” e “Ei, Rodas, olha pra cá, eu quero ver você esperar o circular”, a manifestação seguiu por um trajeto escuro, que incluiu o IME, estacionamentos da Poli e da FEA, Psicologia, Praça do Relógio e duas das vias mais escuras da USP: Rua do Lago e do Matão.
O evento foi organizado pelos alunos do curso de Design, que é exclusivamente noturno. Segundo Eugênia Pessoa, uma das organizadoras, o objetivo principal vai além de exigir mais iluminação. “É uma proposta de pensar por que o campus é assim, por que tem essa estrutura física. A gente tem que trazer mais gente aqui para dentro, o campus tem que estar aberto feriado e domingo para a circulação”.
Os alunos da FAU têm trabalhado em vários projetos durante a greve. No Design, há a ideia de criar um mapeamento aberto dos crimes que acontecem na USP através do Google Maps, de forma que as pessoas possam apontar o local onde foram vítimas. Na Arquitetura, professores e alunos pensam juntos em trabalhar propostas reais para a Cidade Universitária nas matérias de urbanismo.
“Quando o curso de Design começou [há cinco anos], não tinha poste de iluminação entre a FAU e o ponto de ônibus. Só que um poste de luz fez toda a diferença. Agora dá para andar mais tranquilamente”, disse Eugênia.
Juliana Clemente, aluna do IME, disse que “no IME você tem que sair em grupo porque é muito escuro”. Mayra Sato, aluna da Biologia, ressaltou que “a falta de iluminação nos afeta bem diretamente. Como estamos na rua do Matão, até o ponto ali de circular fica meio deserto demais”.
“Achei muito original essa ideia de sair iluminando o campus”, completou Mayra. “Acho que é o ato mais bonito dessa greve”, disse Maria Eugênia, aluna de Artes Cênicas. Para Lorran Siqueira, aluno da FAU, “o roteiro escolhido pela organização da passeata deixou bem claro que tem pontos cegos dentro do campus”.
Na opinião de pais de uma candidata ao vestibular da Fuvest, faltou a presença de mais famílias preocupadas com a segurança dos filhos. “O campus tem uma estrutura antiga, de quando a criminalidade não era tão alta quanto hoje. Uma PM truculenta não é a solução, ela é violenta aqui e em qualquer lugar. Mas também não achamos que a USP deva ter privilégios”, disse Veronique Montero. “Não estamos aqui contra ou a favor de nada, apenas pela segurança dos jovens. Estaremos em outras causas se acharmos justo”, completou Juan Montero.
A Guarda Universitária acompanhou a passeata parando o trânsito quando os alunos atravessavam avenidas. Ricardo Aires, guarda univesitário, explicou que “a Guarda está aqui para zelar pela integridade física dos alunos”.
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