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segunda-feira, 11 de abril de 2011

RESPOSTA A ARTIGO DO CANDIDATO PIERRE NA NET

NOTA DO BLOG:


OBSERVAÇÃO 1: Devido aos inúmeros ataques do Candidato a Reitor Pierre Lucena à imagem da UFPE no blog de sua propriedade, a decisão de publicar aqui o "outro lado" é um dever cívico para o direito à verdade e o acesso à informação. Nunca vi um candidato a Reitor querer levar o debate universitário a um nível tão baixo. Todos que fazem a UFPE lamentam a atitude eleitoreira do candidato. Em defesa da UFPE pública.


OBSERVAÇÃO 2: Como o Blog do candidato Pierre nunca ouve os 2 lados, então é público e notório que outros blogs precisariam abrir esse espaço para tentar desfazer mais uma vez os impactos negativos sobre a UFPE. É preciso considerar que o blog de Pierre não faz moderação dos comentários, inclusive permitindo que diversos nomes sejam expostos ali com comentários que não condiz com a verdade dos fatos.  

FONTE: http://anisioreitor.blogspot.com/2011/04/como-nao-fazer-campanha-para-reitor.html?utm_source=twitterfeed&utm_medium=twitter

Como não fazer campanha para reitor

Wellington Pinheiro dos Santos (Professor da UFPE)

Recentemente o candidato a reitor da UFPE que está à direita do espectro eleitoral publicou em seu blog um artigo onde faz um ataque geral à estrutura da UFPE organizada em centros e departamentos, e à existência de grupos organizados nos diversos segmentos da universidade. A tudo isso o autor candidato chamou de "feudalismo". O artigo inclusive é ilustrado com iluminuras e com a pirâmide social medieval, localizando os estamentos (embora não use esse termo) e falando de vassalos e suseranos. Essas ilustrações e figuras de linguagem tentam passar uma leveza e um humor que nem a forma nem a essência do texto possuem. Como todo texto, o citado também apresenta um discurso, não somente no sentido geral, mas também no específico, apresentando um corte ideológico muito bem definido, intenções muito claras, e um certo destempero que fica evidente, apesar das ilustrações supostamente engraçadas.

Nos artigos "'O que é Universidade' ou 'Passos para ser Reitor'"
1 e 2, fizemos alguns comentários a respeito da formação da Universidade brasileira, da organização em torno dos professores catedráticos até a formação dos departamentos e a instituição de instâncias democráticas de gestão, onde gestores são eleitos entre seus pares e instâncias de poder colegiado são construídas, como os diversos conselhos e colegiados plenos que fazem esta universidade. É inegável que a organização atual das universidades brasileiras, mesmo com todas as limitações do sistema departamental, é superior à da velha universidade, centrada na figura do professor catedrático na base, e dos diretores e do reitor no topo.

O paradigma antigo de universidade é, portanto, muito mais "feudal" do que a organização democrática das universidades públicas brasileiras, com todas as suas limitações. Contudo, o candidato a reitor que está à direita nesta campanha, critica a organização da UFPE, rebaixa o papel dos centros e departamentos da Universidade que se propõe a gerir, e se coloca como defensor de um novo paradigma. Contudo, a ênfase que este faz na sua figura como protagonista de um tal movimento renovador, defendendo uma gestão centrada na pessoa do reitor, centralizada, intervencionista, e voltada para o mercado, não deixa de lembrar a figura dos soberanos absolutistas do sistema mercantilista. Contrapor o mercantilismo ao feudalismo não deixa de ser interessante, não fosse isso anacrônico.

O candidato à direita faz uso de um discurso completamente anacrônico:

1) Em seu discurso é notável que ele tem dificuldades com a organização da Universidade na forma de instâncias colegiadas. Sua visão de si mesmo é quase messiânica: coloca-se como portador de um paradigma de gestão completamente novo, como um visionário, como alguém que vê o que ninguém consegue ver, e elege a democracia interna da Universidade como principal inimiga, responsável pela burocracia e pela lentidão. Ele esquece, talvez propositalmente, que a gestão democrática da Universidade é uma conquista da sociedade brasileira como um todo, e que muitos doaram suas vidas enfrentando regimes autoritários, para que a jovem Universidade brasileira pudesse respirar ares de liberdade. Ele esquece que a Universidade Federal de Pernambuco é coisa pública (do latim, res publica), e como coisa pública, dentro de um paradigma republicano, deve se organizar da forma mais democrática possível, permitindo não somente o diálogo entre os diversos segmentos que a compõem internamente, mas também aquele com o Estado e a Sociedade Civil. A Universidade não pode, portanto, ser apropriada pelos interesses privados. É importante destacar que, nesse texto e em todos os outros textos anteriores, o autor candidato não faz nenhuma menção à sua visão do diálogo entre a Universidade, o Estado e a Sociedade. Ele vê somente a relação entre a Universidade e o Mercado, e esta ainda sob um determinado ponto de vista. É de se concluir que não se percebe a sua visão da Universidade como coisa pública porque ela simplesmente não existe para ele.

2) No discurso do candidato à direita também fica nítida uma clara rejeição à existência de grupos organizados dentro da Universidade. Seus ataques se estendem então dos colegiados dos departamentos e centros, do pessoal técnico administrativo, aos sindicatos e às correntes do movimento estudantil organizado, posicionando todos estes em sua ilusão secundarista de feudalismo.

Nunca é demais destacar que a Universidade, e em particular a Universidade Pública, é a incubadora das ideias mais avançadas, é onde se formam muitas das lideranças do estado e da nação. A partir dela muitas organizações e instituições da Sociedade Civil vêm buscar seus líderes, dos institutos de pesquisa, movimentos sociais e populares e associações diversas, aos partidos políticos, e são por ela renovadas. Esses grupos organizados representam, acima de tudo, correntes de pensamento, e é natural que estejam presentes na Universidade, uma instituição voltada à produção de ideias. Esses grupos organizados e correntes de pensamento tiveram um papel de destaque na resistência aos 21 anos de Ditadura Militar de 1964, na redemocratização do país, e nos governos civis que se sucederam, e o autor candidato sabe muito bem disso, pois quando é do seu interesse busca relembrar que participou do Movimento Estudantil, embora no texto demonstre um certo arrependimento disso.

3) No texto o autor parece mostrar um certo rancor para com os grupos atacados, apesar das tentativas de tornar o texto agradável e até mesmo engraçado. O interessante é que é justamente nos grupos por ele classificados como feudais onde há uma maior rejeição à sua candidatura, transparecendo muita falta de tato político.

Ficam então os seguintes questionamentos:

1) Se os grupos organizados dentro da Universidade são tão danosos, em particular para os estudantes, por que o autor candidato buscou o apoio do Movimento Estudantil organizado, tendo angariado o apoio da Juventude do Partido Socialista Brasileiro, embora muitas das lideranças do PSB presentes na UFPE não apoiem essa movimentação? Não seria o Movimento Estudantil organizado em correntes de pensamento algo que não compõe a banda saudável do movimento estudantil, justamente por ter parte de seus interesses voltados para a sua manutenção como corrente de pensamento, de acordo com o texto do autor candidato?

2) Se a influência de partidos políticos nas organizações e movimentos ligados à UFPE é tão danosa, por que o autor candidato procurou o apoio de Edilson do PSOL? E por que nos debates o autor candidato tem sido visto sendo orientado pelo deputado André Regis, do PSDB? Por que vultosas lideranças do PSDB, como Terezinha Nunes, têm manifestado apoio público entusiástico à sua candidatura, inclusive nas redes sociais? É notório que Terezinha Nunes e a cúpula do PSDB e da direita conservadora foram e são contra o REUNE e o processo de interiorização da UFPE. Também é bem conhecido que o autor candidato participou do governo de Jarbas. Teria ele vergonha de seus apoios, escondendo-se sob uma postura "independente"?

3) Se grupos organizados e correntes de pensamento são tão danosos para a Universidade, o que vem a ser o "Movimento Nova (sic) UFPE"? É realmente um movimento, uma corrente de pensamento? Em sendo uma corrente de pensamento, seria um novo nome para a velha direita, como foi perguntado ao autor candidato no debate da ADUFEPE, na manhã do dia 6 de abril? Não, não é, pois o próprio autor candidato respondeu naquela ocasião: "É apenas o nome da minha chapa..."

4) O autor candidato afirma que existem boatos sobre ele sendo espalhados, mas não deixa de fazer dúzias de acusações sem provas em diversos parágrafos, como os citados abaixo:

"Atualmente na UFPE o Movimento Estudantil passa por uma grave crise. A parte saudável, que defende interesses legítimos dos estudantes, voltou-se para seus cursos, cansada da disputa suja que virou o Diretório Central dos Estudantes. Outra parcela, que serve como escritório avançado de partidos políticos, está mesmo interessada em pequenas porções de auxílio, como ônibus para congressos da UNE e na emissão de carteirinhas de estudante, como forma de manter a fração partidária no Movimento Estudantil. Conheço este tipo de grupo de perto, pois convivi com eles no movimento estudantil quando Presidente do DCE, e sei que no fundo o interesse dos estudantes é a última coisa que importa. Não possuem mais do que meia dúzia de pessoas na Universidade, mas no dia da eleição trazem um exército de militantes de outros lugares, lembrando o processo eleitoral de cidades do interior do Estado."

"Com a discussão sendo levantada, o que importa para estes grupos é a manutenção do seu feudo, custe o que custar. Tenta-se intimidar técnicos-administrativos com a perda de funções; discute-se forma de pressionar os estudantes no dia da votação, como se fossem massa de manobra; propaga-se uma pesquisa feita por um feudo, cometendo até o erro infantil de divulgar a mesma com margem de erro errada; ou ainda cria-se uma onda de boatos para desqualificar o adversário. Vale salientar que o boato varia de lugar para lugar."

Interessante notar também que, em vários pontos do texto, o autor candidato fala que a UFPE seria conduzida pelos mesmos grupos de décadas. Contudo, esconde sua afinidade de ideias com o grupo de Éfrem Maranhão, o reitor do tempo da Casa do Estudante sucateada, dos laboratórios sem material didático, da ausência de políticas de Assistência Estudantil e da predominância dos interesses patrimonialistas, esses sim ligados a uma visão autoritária, velha e caduca da Universidade, atrelada a interesses conservadores e privatistas travestidos de modernidade.

É por isso que voto em Anísio e Sílvio para Reitor e Vice Reitor da UFPE, número 56: eles representam uma UFPE progressista e não escondem suas propostas. Eles não escondem seus apoios, e não têm vergonha de serem apoiados por diversos grupos organizados e correntes de pensamento das quais fazem parte professores, técnicos administrativos e estudantes. Anísio não tem vergonha de sua história como militante do Movimento Estudantil, como sindicalista, e como cientista e gestor. Ele é o mais preparado, por ser o mais sintonizado com um Projeto Político avançado para a UFPE: uma Universidade pública, autônoma, progressista, democrática, popular e de qualidade, que combine ensino, pesquisa, extensão e gestão mediatizados por relações que envolvam democracia participativa e engajamento da universidade no rumo da construção de uma realidade socialmente mais justa.

Dia 26 de abril eu voto Anísio 56, porque a Nova UFPE é a UFPE de HOJE!
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