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domingo, 24 de abril de 2011

MEMÓRIA DE -PERNAMBUCO: o hoje candidato Pierre Lucena como Sub-Secretário de Educação em Pernambuco

Tititi dos bastidores políticos: dizem que a saída de Pierre Lucena do cargo de secretário-adjunto da Secretaria de Educação foi recebida com muita satisfação pela diretoria do Sintep. Comentam que a presidente Teresa Leitão já havia dito, anteriormente, que em toda sua vida de sindicalista nunca tinha visto sentada naquele lugar uma pessoa com tamanho "despreparo" para a função.
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Coluna JC nas Ruas
Enfim, a cor do dinheiro
Os professores contratados temporariamente pela Secretaria de Educação do Estado nem acreditam, mas hoje, enfim, sai o pagamento dos salários. Com um atraso de cinco meses, é bom que se diga. Depois de amargarem todo esse tempo sem um tostão na carteira, muitos profissionais - são mais de dois mil - já estão devendo a financeiras e com o nome sujo no SPC. Mas pagar as dívidas é que ninguém sabe ainda se vai ser possível. Até porque esses professores continuarão a ser desrespeitados pelo governo e receberão bem menos do que prevê o Plano de Cargos e Salários da categoria. Alguns ainda acreditavam em milagre e alimentavam a esperança de ganhar o que é justo, definido por lei. Porém, depois de tanto "disse-que-disse", a maioria não deverá mesmo se surpreender quando botar os olhos e as mãos nos contracheques (e esses são contra mesmo). Os mestres já estão certos de que não vão ganhar mais do que uns "duzentos e poucos reais". É um valor tão baixo que nem o secretário-adjunto de Educação, Pierre Lucena, lembrava a quantia exata, quando indagado, ontem. Pelo Plano de Cargos e Salários, os profissionais com contrato de 150 horas/aula deveriam receber R$ 427,50 (incluindo a gratificação de exercício do magistério). Hoje, eles terão a certeza de que desrespeito pouco é bobagem. E que se dêem por muito felizes recebendo o salário retroativo.
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ANOS DEPOIS PIERRE NO MESMO ASSUNTO




é preciso negociar
Meu amigo Marco Bahé, também editor do blog, divulgou um post com os dados oficiais, e sua posição sobre a ineficácia da greve.
Pelos comentários e pelo texto, acho que foi até incompreendido. Sua posição foi mais de criticar a greve do que falar da pouca mobilização, mas vamos aos fatos.
O Governo do Estado divulgou os dados oficiais sobre a greve, e nestes constavam que 19 escolas estavam em greve, de 1000 no total. Outras 193 teriam adesão mínima, com dois ou três grevistas. E do total de 26 mil professores, 2.500 teriam aderido à greve.
Posso afirmar que a conta apresentada pelo Governo do Estado está completamente “descompensada”.
193 x 3 = 579 professores
19 x 26 (número médio de professores por escola) = 494

Isso daria um total de 1073 professores. Muito menos do que os 2.500 anunciados pelo Governo, e sinceramente, não acredito que apenas 2.500 professores entraram em greve. Já vi greves na Educação, e sei que a mobilização se faz por osmose, dado o nível de insatisfação da categoria. Basta dizer que está em greve que muita gente desaparece das escolas. Com ou sem razão, esta é a uma realidade.
E não deve ser motivo de orgulho nem de um lado nem de outro os números da greve. O prejudicado é o aluno pobre, que nada tem a ver com esta briga.
Como sabem, este blog tem dois editores, e discutimos muito nossas posições, mas em alguns casos (como agora) já temos opinião formada, e divergimos (a democracia é assim). Concordo quando Bahé fala que a greve é um instrumento de luta equivocado. Na UFPE tenho lutado contra isso há tempos. Quem acaba sofrendo é a população mais pobre, que já enfrenta sérias dificuldades, e depende do serviço público.
O Governo acaba sofrendo pelo desgaste político, mas isso não justifica. Bahé tem razão quando fala que são greves seguidas, e que o instrumento já está desgastado. Durante anos o mesmo instrumento se repete, a categoria não encontra outra forma de luta e a população não se sensibiliza mais. O corte de ponto anunciado pelo Governo é uma medida correta (mas deve-se pagar quando repor), mas convocar professores substitutos é um absurdo pedagógico.
Muitos aqui já sabem, mas outros talvez estejam lendo pela primeira vez, e seria bom esclarecer.
No começo do Governo Jarbas, fui Secretário-Adjunto de Educação, durante a gestão de Éfrem Maranhão. Logo no começo do Governo enfrentamos uma greve dos professores, que foi comandada por Teresa Leitão, à época presidente do Sintepe.
Foi um momento muito complicado, já que o Governo estava assumindo sem a menor possibilidade de manobra na folha de pagamento. Sentei com Maurício Romão e Jorge Jatobá, que mostraram que a situação era realmente complicada. Ainda tentava-se pagar o décimo-terceiro do ano anterior. O professor ganhava (como sempre) muito mal.
A pauta de negociação era tão dispersa que não se sabia o que ia negociar. Como a disposição do Governo era de não negociar até a volta às aulas, ficou o impasse.
O Sintepe não poderia recuar para não se desmoralizar, e o Governo acabou tomando a posição de não voltar atrás. Decidimos pelo corte do ponto pois a situação se radicalizou, e exoneramos 5 diretores que não entregaram a relação de grevistas.
Participei desta decisão ao lado de Efrem, do Governador, e de outros secretários, e reconheço que erramos. Todos nós erramos. O Sintepe ao deflagrar uma greve que não esperávamos, e o Governo por ter endurecido com todos. Para sair dessa situação foi muito difícil.
Dois fatos me marcaram naquela greve. O primeiro foi que estava em um restaurante, e uma senhora se levantou da mesa para me dizer que nunca tinha sido tão humilhada em toda a vida. Aquilo me marcou muito, e chegando em casa, coloquei a cabeça no travesseiro, e dei total razão àquela senhora. O segundo foi o Diretor do Etepam, que veio conversar comigo e disse que se entregasse a lista com os professores em greve, estaria traindo sua própria alma. Aquilo me deprimiu, pois tenho o péssimo (?) hábito de me colocar no lugar das pessoas.
Após o fim da greve comecei a percorrer as escolas do Estado, e pude observar no olhar das pessoas que trabalhavam nas escolas, o quão sacrificada era aquela profissão, que remunerava mal e tratava tão mal seus profissionais. Foi uma lição de vida que jamais esquecerei. O ex-deputado Gilberto Marques, uma vez chegou para mim e disse: Pierre, isso é fim de carreira, não é começo!
Minha realidade como professor sempre foi outra. Sou professor da UFPE, onde ensino alunos com boa escolaridade, e em sua maioria de classe média. As condições de trabalho são muito boas, o salário não é miserável, e me esforço para tornar o ambiente para os alunos o melhor possível. Sou completamente realizado na minha profissão.
Nas escolas de ensino fundamental e médio a realidade é bem diferente. Mesmo que a politicagem tome conta dos sindicatos, o professor não merece ser tratado com desrespeito.
Como chegar para um profissional de nível superior, que ganha R$ 950,00, e não dar o mínimo de satisfação? Como observar um profissional que encontra jovens em situação de risco e não ficar sensibilizado? Como olhar um estudante pobre que se esforça para chegar à Universidade e não se emocionar?
O mínimo que se espera do gestor é aparecer para brigar, dar satisfação, esclarecer…seja o que for.
Cometemos vários erros, mas em relação a isso tenho a consciência limpa. A Secretaria de Administração funcionava como uma espécie de interlocutor, mas não como parede intransponível para as reivindicações da categoria.
Quando o Governo mandava Maurício Romão (ex-Secretário de Administração) ficar sozinho nas negociações era porque esta não iria para lugar algum. Não deve ser diferente agora.
Pouco conheço do Secretário Danilo Cabral, e sinceramente tenho boa impressão dele. Pelo lado pessoal, sempre foi cordial quando me encontrou. Pelo lado profissional, sei que ampliou a rede de escolas em tempo integral. Além disso teve idéias criativas, como a distribuição do notebook, e outras muito boas, como o “kit escolar”, mas se pensa que isso será suficiente para mudar a realidade da educação está completamente enganado.
A raiz do problema está justamente na absoluta falta de valorização do profissional de educação, como os diretores de escola e professores, e no caótico modelo de gestão centralizada das Secretarias de Educação.
Em relação a isso, posso afirmar que nenhum Governo fez algo relevante para melhorar. A eleição direta para Diretor talvez tenha sido o passo mais largo, mas mesmo assim é muito pouco perto das necessidades.
A verdade nua e crua é que Educação nunca foi prioridade para Governo algum neste Estado. Quando os secretários tinham boa formação na área e boa vontade, faltava poder político. Quando tinham poder político, faltava vivência na área ou visão estratégica de futuro. Ou passaram pouco tempo na pasta.
Ao contrário de algumas poucas categorias, a grande maioria dos professores é formada por profissionais sérios e extremamente sacrificados.
E uma coisa eu falo sem nenhuma vergonha.
É melhor assumir a culpa do fracasso coletivo que humilhar os professores.
Os gestores passam….os professores ficam.

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