Vou direto ao ponto. Para quem não conhece, o CFCH (Centro de Filosofia e Ciências Humanas) da UFPE, em Recife, é o prédio mais alto do campus, com 15 andares, construído na primeira metade da década de 70 na transposição dos governos Médici-Geisel.
Sua verticalidade e aparência de “repartição pública” não dispõe de lugares de convivência para os alunos. O objetivo da disposição vertical do CFCH, segundo o relato do BLog Acerto de Contas, do professor Pierre Lucena, é fragmentar a convivência multidisciplinar entre alunos e professores de cursos diversos, ficando cada um no seu andar. Só em 2008 é que criaram um pequeno ambiente no térreo do CFCH, a que deram o carinhoso apelido de “espaço Durkheim”.
O CFCH é um monumento à preservação da memória da ditadura militar brasileira, que reflete a fragmentação das Ciências Humanas e de seus agentes interdisciplinares.
Como se não bastasse, muitas pessoas já se suicidaram num ato triste e que tem abalado profundamente as pessoas que presenciam esses atos e a comunidade acadêmica em geral. Os suicídios do CFCH são a muitos anos abafados ali mesmo, quase nenhum veículo de comunicação relata, muito sobre o pretexto de que noticiar suicídio estimula pessoas que já têm essa pretensão a fazer o mesmo. E por este lado estão certos, mas chegou a hora de dar um basta nisso.
Em 2008 começaram "reformas intermináveis" das faixadas do CFCH. Para se ter uma ideia de como essas reformas caminham a passos lentos, basta saber que a conclusão da reforma da fachada leste (obra orçada em mais de 770 mil Reais) era prevista para outubro de 2009, e até agora ainda prossegue a passos lentos.
Recentemente colocaram grades de ferro em todos os vãos que se localizam acima dos peitoris dos corredores do edifício. Mas o que pretendia freiar aqueles tristes acontecimentos não se mostrou eficiente. Agora em 2011 já pularam duas pessoas do prédio. A primeira foi uma garota que estudava no CAC, que na manhã de 4 de julho chegou a ser socorrida com vida, mas faleceu no hospital. O segundo aconteceu na noite do dia 29 de agosto em pleno horário de aula, e que apesar de ter sido horrível pra quem estava por perto na hora (ele caiu gritando), as aulas transcorreram normalmente como se nada tivesse acontecido. Segundo os boatos o rapaz era de Caruaru, mas não podemos afirmar nada com muita certeza. Ironicamente cada um pulou de uma lado do prédio, mostrando que o simples fato de colocar grades de ferro nos parapeitos da faixada oeste está longe de acabar com esses atos.
O caso mais conhecido é o do estudante húngaro Zoltan Venekey, que teria se jogado do prédio em 2007. Por estar completamente nu, muitos suspeitaram que ele teria sido assassinado. Esse mistério permanece até hoje.
O caso mais conhecido é o do estudante húngaro Zoltan Venekey, que teria se jogado do prédio em 2007. Por estar completamente nu, muitos suspeitaram que ele teria sido assassinado. Esse mistério permanece até hoje.
A reforma contou também com a pintura de faixas azuis na faixada oeste do prédio, e esta cor não combinou muito com o vermelho e branco original do CFCH, como mostrado na foto do início dessa postagem. Sobre o motivo dessa pintura estranha, fico com um palpite dado por meu amigo Paulo Henrique, do Cin (Centro de Informática) e que estuda inglês comigo. Estávamos caminhando pelas redondezas do prédio quando comecei a comentar a pintura, e ele numa sacada sesacional me falou que isso poderia ser Cromoterapia, que é o uso das cores para tratar doenças, a mente e as emoções. Recurso usado tanto na antiguidade, nos templos de luz e cor de Heliópolis, antigo Egito, até nas propagandas de hoje. Imediatamente nós paramos, eu tirei a foto e falei que prepararia esta postagem no blog.
Pela perspectiva da cromoterapia, aquele lado vermelho do CFCH, por ter essa cor muito energética e vibrante, pode provocar excitação e nervosismo. Já o azul das novas faixas nos passa calma e serenidade, é asséptico e desestressante.
Pela perspectiva da cromoterapia, aquele lado vermelho do CFCH, por ter essa cor muito energética e vibrante, pode provocar excitação e nervosismo. Já o azul das novas faixas nos passa calma e serenidade, é asséptico e desestressante.
Ficamos agora com esse estranho edifício de arquitetura bisonha em memória à ditadura militar e com cores em desarmonia esperando uma atitude mais rígida da UFPE para resolver o problema dos suicídios.
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