28/09/2011 - 10h09
SABINE RIGHETTI
DE SÃO PAULO
DE SÃO PAULO
A Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), principal órgão que financia a pesquisa paulista, lançou ontem seu Código de Boas Práticas Científicas.
O documento, uma espécie de manual de 40 páginas que será entregue aos cientistas, traz diretrizes para fazer ciência com ética.
Entre as recomendações estão, por exemplo, que deve ser autor de um trabalho científico apenas quem deu "contribuições intelectuais" e que "dados e informações coletadas devem ser registrados de maneira precisa".
Apesar de saber que a má conduta ronda a ciência, a Fapesp não tem uma estimativa sobre o número de fraudes no Estado, que é responsável por 51% da pesquisa do país.
Apesar de saber que a má conduta ronda a ciência, a Fapesp não tem uma estimativa sobre o número de fraudes no Estado, que é responsável por 51% da pesquisa do país.
"Sabemos que aumentaram os casos porque aumentou a quantidade de pesquisadores", disse o presidente da fundação, Celso Lafer.
Nos EUA, um levantamento do ano passado com 2.599 cientistas mostrou que 84% já presenciaram fraudes científicas ou participaram delas.
Consultado pela Folha na época, o líder do trabalho, Gerald Koocher, disse que as estatísticas poderiam ser generalizadas para o Brasil.
O código da Fapesp traz ainda novidades na apuração dos casos de má conduta.
A partir de agora, pesquisas financiadas pela Fapesp e suspeitas de fraude serão investigadas pelas universidades por uma comissão de pelo menos três pessoas.
Essas instituições terão de enviar à Fapesp um relatório --e a fundação poderá complementar as investigações.
Mas, para o diretor científico da fundação, Carlos Henrique de Brito Cruz, a proposta do código é trabalhar a prevenção da má conduta.
"Não queremos que a ética seja assunto só quando a mídia publica um caso de plágio. A ideia é que as universidades façam seminários e discutam os casos", disse.
O CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) também lançará, em outubro, um manual de ética.
O documento está sendo produzido por uma comissão criada após a divulgação, pela Folha, de uma fraude na Unicamp.
MÁ CONDUTA GRAVE, DE ACORDO COM A FAPESP
FABRICAÇÃO
Produzir dados ou afirmar que determinados resultados foram obtidos ou conduzidos por procedimentos científicos que não foram realizados é um dos principais exemplos de falta de ética
Produzir dados ou afirmar que determinados resultados foram obtidos ou conduzidos por procedimentos científicos que não foram realizados é um dos principais exemplos de falta de ética
FALSIFICAÇÃO
Alterar dados, procedimentos ou resultados de pesquisa de maneira significativa, a ponto de interferir na avaliação do peso científico das conclusões de uma pesquisa, também vale como falha de conduta grave
Alterar dados, procedimentos ou resultados de pesquisa de maneira significativa, a ponto de interferir na avaliação do peso científico das conclusões de uma pesquisa, também vale como falha de conduta grave
PLÁGIO
A cópia ou utilização de ideias ou formulações verbais, orais ou escritas, de outros cientistas sem dar os devidos créditos, de modo a gerar a percepção de que sejam ideias próprias do plagiador. É talvez o tipo mais comum de má conduta científica hoje
A cópia ou utilização de ideias ou formulações verbais, orais ou escritas, de outros cientistas sem dar os devidos créditos, de modo a gerar a percepção de que sejam ideias próprias do plagiador. É talvez o tipo mais comum de má conduta científica hoje
Fonte: Fapesp
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