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sexta-feira, 22 de abril de 2011

MATÉRIA: Reaprender a estudar

FONTE: http://revistapesquisa.fapesp.br/?art=4375&bd=1&pg=1&lg=






A angústia de fim de ano por que passa a maior parte dos alunos e vestibulandos, que se queixam de que a matéria “não entra” na cabeça, pode decorrer de uma escolha de método de estudo não tão eficaz. É o que sugere uma pesquisa da Universidade Purdue, publicada no periódico Science em fins de janeiro, que reabilita o papel da memorização nos processos de aprendizagem.
“O aprendizado tem a ver com a recuperação de informações [tradução aproximada para o substantivo inglês ‘retrieving’]”, afirma Jeffrey Karpicke, coordenador da pesquisa e professor no Departamento de Ciências Psicológicas da instituição norte-americana.
No experimento, dividido em duas etapas, Karpicke e sua assistente, Janell Blunt, reuniram 200 alunos para estudarem tópicos de textos previamente escolhidos de várias áreas da ciência. Eles foram separados em dois grupos distintos, de acordo com o método de treinamento adotado.
Um deles usou como estratégia de aprendizado a elaboração de sofisticados mapas conceituais – diagramas que ilustram as relações entre as ideias no interior de um dado texto. O outro lançou mão apenas de exercícios de memorização: após lerem os mesmos materiais oferecidos ao primeiro grupo, eles os deixavam de lado e tentavam se lembrar dos conceitos ali explicados.
Nessa primeira etapa da pesquisa, ambos retiveram aproximadamente a mesma quantidade de informação, segun­do Karpicke. O ponto de virada ocorreria uma semana mais tarde, quando os dois grupos foram submetidos a testes para avaliar o grau de conhecimento e de assimilação dos conceitos que haviam estudado. Aqueles que se serviram de exercícios de memorização como estratégia de estudo apresentaram desempenho 50% superior, em média, aos alunos que utilizaram mapas conceituais. 

Karpicke ressalta que, nessa segunda fase da pesquisa, os estudantes responderam perguntas não apenas sobre conceitos específicos presentes nos textos lidos uma semana antes, mas também tiveram que realizar conexões entre conceitos e ideias que não estavam explicitamente mencionados ali. Nos dois casos, a performance do grupo que fez exercícios de memorização foi superior à do outro.
Os resultados surpreendentes inspiraram a Karpicke o nome de sua pesquisa, publicada na Science: “Retrieval practice produces more learning than elaborative studying with concept mapping” [A prática de recuperação de informações produz mais aprendizado do que os estudos elaborativos com mapas conceituais].
Ele é taxativo ao avaliar os resultados do experimento que coordenou, financiado pela Divisão de Educação na Graduação da Fundação Nacional para a Ciência, dos Estados Unidos: “A pesquisa mostra que a prática de recuperação de informações como método de estudo é crucial para o aprendizado”.
Surpresa – Cristiane Gottschalk, professora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), não se diz surpresa com as conclusões desse estudo. Ela lembra que estudos na área de filosofia da linguagem chegaram a conclusão parecida já nos anos 50 e 60 do século passado.
Autores como Gilbert Ryle (1900-76) e Israel Scheffler (1923) haviam demonstrado, afirma, que “a memorização de certos saberes proposicionais é condição de aprendizado dos demais. E essa memorização, se bem exercitada, é o que possibilita operar com essas informações”.

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http://revistapesquisa.fapesp.br/?art=4375&bd=1&pg=1&lg= Enviar para o Twitter

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