'Arma não tem sentido, a sociedade não precisa disso', diz amiga de Fernanda Mateus
A estudante Lorena Albuquerque e outros amigos da jovem assassinada em Aldeia vão abraçar o lago do campus da UFPE na tarde desta sexta para pedir paz e o desarmamento
Da Redação do pe360graus.com
Principal testemunha do assassinato de Fernanda Mateus, a estudante universitária Lorena Albuquerque (foto) não quer mais relembrar o momento do assalto que resultou na morte da amiga, ainda que seja uma dor difícil de esquecer.
“Hoje [sexta-feira, 15] foi a primeira vez que eu fui abrir a porta sozinha. Eu estou me tremendo até agora e não sei até que ponto eu me sinto ainda mais insegura”, revela a estudante.
Sobre a retomada da discussão do desarmamento da população, estimulada por acontecimentos trágicos como o assassinato de 12 estudantes dentro de uma escola pública do Rio de Janeiro e a morte de Fernanda Mateus, Lorena Albuquerque diz que ela e a amiga votaram pelo SIM no referendo sobre o assunto realizado no Brasil.
“Eu já levantei essa bandeira há cinco anos, quando eu e Fernanda votamos a favor do desarmamento. Acho que já está mais do que provado de que esse caminho que a gente quer não é o correto. Se pessoas que queriam comprar uma arma acharam que ter uma arma em casa se protegeriam de alguma coisa, essa pessoa tinha uma granja em Aldeia e tinha duas armas, alguém invadiu a granja, pegou as armas, foi fazer assaltos e matou a minha amiga. Isso não aconteceu só com Fernanda, isso acontece todo dia e toda hora. Há muitas famílias como a de Fernanda que estão destroçadas agora.”, afirma.
Na tarde desta sexta-feira (15), Fernanda Albuquerque e outros amigos de Fernanda Mateus organizaram um manifesto no laguinho do campus da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). “Queremos pedir por paz e por vida para que isso não aconteça mais, pois arma não tem mais sentido. A sociedade não precisa disso. Esses meninos [adolescentes acusados de cometer o crime] eram de menor e, com certeza, alguém já os viu cheirando cola em alguma esquina. E esse alguém não denunciou ou não tinha a quem denunciar. A gente vê isso em cada esquina e o governador vê isso, pois acredito que ele não anda só de helicóptero, apesar de todo o engarrafamento do Recife. E não temos a quem avisar”, diz a estudante.
Ela falou ainda sobre a constante sensação de insegurança vivida no Recife. “Quando eu morava na Espanha, passei um ano lá. Eu trabalhava até 23h30 no estágio e voltava de ônibus sozinha, de uma cidade para outra, ainda anda mais dois quilômetros e nunca fui abordada por ninguém. Nunca aconteceu nada comigo durante um ano. E aqui no Recife, em todo sinal que eu paro dentro de um carro, eu fico insegura. Eu acho que isso explica muita coisa. Acho que isso explica que segurança não é uma coisa utópica. Há muita gente que tem segurança, que consegue fazer planos e tocar sua vida normalmente. Não é uma utopia achar que vamos conseguir andar livremente. Tem muita gente que tem isso. Isso não é um recurso tão difícil assim e nem pode ser. Eu acho que se consegue. Se tanta gente conseguiu por que nós não vamos conseguir?”
Lorena lembrou também a importância de perceber a ausência de perspectiva para jovens como os que mataram a amiga Fernanda Mateus. “Eu queria poder ver as crianças nas ruas e poder dizer: ‘olha, eles estão lá, peguem eles e levem para a escola, o caminho deles é a escola. Não tem outro caminho. A família está desestruturada. E se a família não está tomando conta, alguém tem que tomar conta. Não dá para esperar que eu e minha amiga, a gente planeja um futuro, se formar, um trabalho lindo, e isso acabe por nada. Não tem sentido e a família desse menino está muito triste, esse menino está muito tristes. Eu, simplesmente, não acho que justiça seja ele estar preso. Ele precisa que alguém ajude ele. E eu não sei para onde El vai agora. Ele vai ter ajudar? Eu acho até muito difícil. Quantas histórias sabemos de pessoas que entraram nesses programas de ajuda que saíram muito, muito piores. É toda uma estrutura desestruturada.”
“Hoje [sexta-feira, 15] foi a primeira vez que eu fui abrir a porta sozinha. Eu estou me tremendo até agora e não sei até que ponto eu me sinto ainda mais insegura”, revela a estudante.
Sobre a retomada da discussão do desarmamento da população, estimulada por acontecimentos trágicos como o assassinato de 12 estudantes dentro de uma escola pública do Rio de Janeiro e a morte de Fernanda Mateus, Lorena Albuquerque diz que ela e a amiga votaram pelo SIM no referendo sobre o assunto realizado no Brasil.
“Eu já levantei essa bandeira há cinco anos, quando eu e Fernanda votamos a favor do desarmamento. Acho que já está mais do que provado de que esse caminho que a gente quer não é o correto. Se pessoas que queriam comprar uma arma acharam que ter uma arma em casa se protegeriam de alguma coisa, essa pessoa tinha uma granja em Aldeia e tinha duas armas, alguém invadiu a granja, pegou as armas, foi fazer assaltos e matou a minha amiga. Isso não aconteceu só com Fernanda, isso acontece todo dia e toda hora. Há muitas famílias como a de Fernanda que estão destroçadas agora.”, afirma.
Na tarde desta sexta-feira (15), Fernanda Albuquerque e outros amigos de Fernanda Mateus organizaram um manifesto no laguinho do campus da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). “Queremos pedir por paz e por vida para que isso não aconteça mais, pois arma não tem mais sentido. A sociedade não precisa disso. Esses meninos [adolescentes acusados de cometer o crime] eram de menor e, com certeza, alguém já os viu cheirando cola em alguma esquina. E esse alguém não denunciou ou não tinha a quem denunciar. A gente vê isso em cada esquina e o governador vê isso, pois acredito que ele não anda só de helicóptero, apesar de todo o engarrafamento do Recife. E não temos a quem avisar”, diz a estudante.
Ela falou ainda sobre a constante sensação de insegurança vivida no Recife. “Quando eu morava na Espanha, passei um ano lá. Eu trabalhava até 23h30 no estágio e voltava de ônibus sozinha, de uma cidade para outra, ainda anda mais dois quilômetros e nunca fui abordada por ninguém. Nunca aconteceu nada comigo durante um ano. E aqui no Recife, em todo sinal que eu paro dentro de um carro, eu fico insegura. Eu acho que isso explica muita coisa. Acho que isso explica que segurança não é uma coisa utópica. Há muita gente que tem segurança, que consegue fazer planos e tocar sua vida normalmente. Não é uma utopia achar que vamos conseguir andar livremente. Tem muita gente que tem isso. Isso não é um recurso tão difícil assim e nem pode ser. Eu acho que se consegue. Se tanta gente conseguiu por que nós não vamos conseguir?”
Lorena lembrou também a importância de perceber a ausência de perspectiva para jovens como os que mataram a amiga Fernanda Mateus. “Eu queria poder ver as crianças nas ruas e poder dizer: ‘olha, eles estão lá, peguem eles e levem para a escola, o caminho deles é a escola. Não tem outro caminho. A família está desestruturada. E se a família não está tomando conta, alguém tem que tomar conta. Não dá para esperar que eu e minha amiga, a gente planeja um futuro, se formar, um trabalho lindo, e isso acabe por nada. Não tem sentido e a família desse menino está muito triste, esse menino está muito tristes. Eu, simplesmente, não acho que justiça seja ele estar preso. Ele precisa que alguém ajude ele. E eu não sei para onde El vai agora. Ele vai ter ajudar? Eu acho até muito difícil. Quantas histórias sabemos de pessoas que entraram nesses programas de ajuda que saíram muito, muito piores. É toda uma estrutura desestruturada.”
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