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terça-feira, 19 de abril de 2011

ENTREVISTA do Reitor Amaro Lins: 'Interiorização foi grande feito'

FONTE: http://www.ufpe.br/agencia/index.php?option=com_content&view=article&id=39921:reitor-amaro-lins-interiorizacao-foi-grande-feito&catid=571&Itemid=72


ENTREVISTA // “Interiorização foi grande feito”

17.04.2011
Jornal do Commercio – Cidades
ENTREVISTA - AMARO LINS
“Interiorização foi grande feito”


No fim do segundo mandato à frente da reitoria da Universidade Federal de Pernambuco, o engenheiro civil Amaro Lins, 56 anos, deixa o cargo em outubro, seis meses após as eleições, que tem como candidatos o vice-reitor, Gilson Edmar (Centro de Ciências da Saúde), Anísio Brasileiro (Centro de Tecnologia e Geociências) e Pierre Lucena (Centro de Ciências Sociais Aplicadas). Ele foi o 14º a ocupar o cargo e o segundo a exercer dois mandatos. A expansão para o interior, com a implantação de dois novos câmpus (Vitória e Caruaru), é o destaque da sua gestão, de oito anos. Nessa entrevista, Amaro faz um balanço da sua administração e lança os desafios que o futuro reitor da maior instituição de ensino superior do Estado enfrentará. E revela que retomará a carreira acadêmica, que praticamente abandonou nesses anos.

JORNAL DO COMMERCIO - O que o senhor destaca como as principais ações da sua gestão?

AMARO LINS - A interiorização da universidade, sem dúvida, foi um grande feito, além do restaurante universitário e da adesão ao Reuni (Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais). O câmpus de Caruaru e o de Vitória de Santo Antão estão implantados e em pleno funcionamento. Levar o ensino superior para mais pessoas no Estado é importante para democratizar a educação de qualidade e gratuita. Havia na universidade uma resistência ao Reuni. Uns por razões políticas, outros por não gostar do reitor ou ainda por não querer ter trabalho. Hoje a universidade tem novos 17 cursos e está em franca expansão. Estamos concluindo este ano grandes edificações para atender a essas graduações. Por enquanto as aulas estão sendo em outros centros. Vamos entregá-los em agosto. Teremos sala de informática e 22 salas de aula. Considero 2006 o ano da interiorização. E, este ano, é o ápice da expansão do câmpus do Recife. Temos 16 projetos novos, em licitação, que vão começar até o fim deste ano. Teremos um novo biotério, onde haverá animais destinados à pesquisa nascidos e criados na universidade, para garantir a qualidade dos resultados.

JC - Quais as obras que estão mais adiantadas?

AMARO LINS - Além dessas, também estão em andamento importantes obras no Centro de Artes e Comunicação, como a reforma e ampliação do prédio, que vai ganhar mais 1.500 metros quadrados, para dotar de novos espaços os Departamentos de Expressão Gráfica e de Gestão da Informação, e o curso de dança, que ganhará duas salas adequadas às aulas. Ainda está em fase de licitação o projeto do prédio do Departamento de Música, que terá 3.000 metros quadrados, e será construído entre o Restaurante Universitário e o bloco compartilhado do CCSA/CFCH. O prédio contará com um tratamento acústico adequado à sua utilização. Entre os novos equipamentos de música estão 11 novos pianos, um deles de cauda, num investimento total de R$ 200 mil.

JC - Alunos e professores reclamam do atraso das obras. Qual a causa?

AMARO LINS - Os termos aditivos. Por exemplo, numa fachada, quando se arreia o reboco, no lugar de dois centímetros, há casos em que os operários encontraram 15 centímetros. Isso dá mais trabalho, ou seja, aumenta o tempo do serviço e o valor da obra. Foi assim no Centro de Filosofia e Ciências Humanas. Tem caso ainda que os professores mandam parar por causa do barulho.

JC - Nove cursos de mestrado e doutorado tiveram as notas atribuídas pela Capes diminuídas na última avaliação, correspondente aos três últimos anos. A que o senhor atribui a queda nos conceitos desses cursos?

AMARO LINS - O que houve na avaliação das universidades foi uma mudança na forma de avaliar. Agora é por média. A UFPE tem hoje 116 programas de pós-graduação e 91 cursos de graduação. Se eu pegar uma universidade pequena, com 12 cursos, do interior de Minas Gerais, por exemplo, e comparar com a UFPE é claro que sairemos em desvantagem. E a redução foi de apenas 4,4 para 4,2. Somos a universidade federal do País com maior número de bolsas da Capes.

JC - Este ano houve arrombamentos em três centros ? o de Ciências Exatas e da Natureza, o de Ciências Sociais Aplicadas e o de Filosofia e Ciências Humanas. Como o senhor avalia a segurança nos câmpus?

AMARO LINS - Apesar do empenho do governo do Estado em reduzir os índices de violência, a criminalidade tem aumentado. O câmpus também se tornou mais atrativo para os ladrões, pois ultimamente temos comprado data show, notebooks e outros equipamentos eletrônicos. Mas o que estamos verificando não são assaltos, e sim, furtos. A nossa segurança tem coibido a ação dos bandidos nos locais onde o público universitário circula. Quando assumi, a segurança tinha 350 servidores, sem equipamento algum. Não tinha rádio, fardamento, viaturas nem treinamento algum. Hoje muitos se aposentaram, mas temos seguranças equipados e treinados, que circulam pelo câmpus em duas viaturas dotadas de radiocomunicação. E ainda contamos com uma empresa contratada, com seguranças armados. Além disso, o câmpus está monitorado por câmeras.
JC - Há projetos aprovados em editais de infraestrutura de 2007 que só agora estão recebendo verbas. Por conta disso, pesquisadores correm risco de não ganhar os recursos em 2011. Qual a origem da burocracia?

AMARO LINS - As regras mudaram muito. Hoje, quando se apresenta uma proposta, não é só dizendo que quer dinheiro para uma obra. É preciso apresentar o projeto executivo. Os ministérios só autorizam a liberação dos recursos quando esses projetos complementares estão prontos. Tenho que ouvir os departamentos, depois licitar o projeto, que leva cerca de dois meses. Em seguida a empresa pede prazo de um ano e meio para executar o serviço. Muitas vezes, a empresa perdedora da licitação recorre. Outro motivo de atraso são os termos aditivos. As empresas de engenharia pedem prorrogação de prazo e também mais dinheiro. Algumas vezes, como no caso da obra da creche, a empresa vencedora da licitação quebrou e tivemos muitos problemas para fazer nova licitação. Era preciso esperar um ano.
JC - As universidades de Minas Gerais, que têm crescido nos rankings, são citadas como instituições que conseguem solucionar problemas desse tipo. O que elas fazem que a UFPE não faz?AMARO LINS - Em Minas, há uma fundação que providencia todas as obras. A própria fundação faz o projeto e executar. Não precisa licitar. Eles têm tudo, engenheiro, mestre de obra, tudo. Não é uma coisa fácil montar uma estrutura dessas.

JC - A UFPE caiu no ranking nacional das universidades brasileiras. Como o senhor avalia a mudança?

AMARO LINS - A UFPE obteve na avaliação trienal da Capes sobre a pós-graduação, relativa a 2007-2009, divulgada em 2010, média de 4,21, incluindo cursos novos não avaliados (cinco mestrados e um doutorado). Ao todo, foram considerados 62 cursos (classificados como mestrado/doutorado e mestrado profissional), sendo que 14 obtiveram o conceito 3, 23 tiveram conceito 4, 23, conceito 5, e dois conseguiram conceito 6. O resultado coloca a UFPE em 8ª colocação nacional, abaixo da Unicamp (média 5,40), USP (média 5,16), UFRJ (média 5,04), UFRGS (média 5,03), UFSC (média 4,58) e Unesp (média 4,45), e à frente da UnB (média 4,20). Caso não sejam incluídos no cálculo os novos cursos não avaliados, a média da UFPE passa para 4,32. Os dois cursos com conceito 6 são ciência da computação (mestrado/doutorado) e física (mestrado/doutorado). A média das avaliações trienais foi 4,24 (2001-2003), 4,41 (2004-2006) e 4,21 (2007-2009). De acordo com o CNPQ, a Universidade Federal de Pernambuco ocupa a sétima posição em grupos de pesquisa cadastrados (são 464 no Brasil) no último censo, realizado em 2008.

JC - Sobre a contratação de professores, os chefes de departamento têm reclamado dos critérios impostos pelo setor jurídico, a exemplo de pesos iguais para artigos científicos publicados em revistas científicas reconhecidas e as que não têm prestígio. Por que isso ocorre?

AMARO LINS - O problema é o Ministério Público. Assino por dia, no mínimo, cinco ações judiciais. Por exemplo, alguém, anonimamente, denuncia um concurso por discordar do resultado. Os procuradores da República pedem resposta em 48 horas. Se ele não ficar satisfeito, ele envia para a Justiça. Como cidadão, acho isso importante. Hoje é obrigatório gravar a aula que o candidato dá, para depois ter a prova para apresentar à Justiça. Tudo tem que estar previsto no edital.

Balanço da gestão

Caruaru

O Centro Acadêmico do Agreste entrou em funcionamento em 2006, mas foi inaugurado oficialmente no dia 27 de agosto de 2010. Maior obra da UFPE realizada por iniciativa do programa federal de expansão do ensino público superior, teve investidos R$ 28 milhões do MEC e R$ 4 milhões do Ministério da Ciência e Tecnologia. Conta com 3,6 mil alunos. Oferece seis cursos de bacharelado, 2 de especialização e 3 de mestrado.

Vitória

Inaugurado em 29 de novembro de 2010, o Centro Acadêmico de Vitória, possui 1.000 alunos em quatro cursos de graduação: enfermagem, nutrição, licenciatura em ciências biológicas e bacharelado em educação física. Este ano, terá início no segundo semestre o curso de licenciatura em educação física, com 45 vagas. Oferece mestrado em saúde humana e meio ambiente. Tem 99 professores efetivos e 25 substitutos. O câmpus está em obras.

Restaurante Universitário

Inaugurado dia 28 de fevereiro, o RU do câmpus Recife tem capacidade para oferecer três mil almoços e 800 jantares diários.

Casa do Estudante

A Casa do Estudante, alas masculina e feminina, com três pavimentos, começou a ser construída. Vai oferecer 130 vagas, distribuídas em 32 quartos comuns e um adaptado para alunos com deficiência. A área é de 1.682,18 m². Em Caruaru, uma unidade está em construção a um custo de R$ 1,3 milhão. Terá 80 vagas para ambos os sexos.

Cooperação Internacional

Foram ampliados os convênios com universidades estrangeiras no período de 2003 a 2011. No segundo semestre de 2009, havia 135 estudantes da UFPE fazendo intercâmbio no exterior. Em contrapartida, a UFPE recebeu este semestre 59 alunos intercambistas de 17 países da América Latina, América do Norte, Europa e África.

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