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quarta-feira, 6 de julho de 2011

A UnB REAGE: A Universidade da Tolerância

FONTE: http://www.unb.br/noticias/unbagencia/unbagencia.php?id=5304


A Universidade da Tolerância
Professores, parlamentares e juristas reagem à matéria da revista Veja sobre a UnB

Da Secretaria de Comunicação da UnB

As universidades foram criadas no século XII como espaços de tolerância. Não há como garantir a produção de conhecimento sem a livre circulação de ideias. Não se questionam dogmas – sejam eles de qualquer natureza, sem que esteja garantida a abertura para isso. Não se derrubam certezas científicas quando não há oportunidade para duvidar delas.
Na Universidade de Brasília não é diferente. As disputas políticas e intelectuais existem e são bem-vindas. O debate alimenta a universidade, faz com que ela avance diante de falsos consensos. Se existe algum credo aqui é aquele ensinado pelo iluminista francês Voltaire: "Posso não concordar com as palavras que você disser, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-las".
A última edição da revista Veja traz uma matéria em que imputa à Universidade de Brasília o aposto de madraçal esquerdista. A reação ao texto veio de personalidades respeitadas das mais diferentes áreas. Nesta terça e quarta-feira, após a publicação da carta do reitor, outras pessoas saíram em defesa da universidade. Os que quiserem se somar ao movimento devem encaminhar seus emails para secom@unb.br. Leia abaixo as manifestações:

Gilmar Mendes, ministro do STF e professor da Faculdade de Direito da UnB:
Não percebo nada de anormal. Eu acompanho a diretoria da Faculdade de Direito e vejo que eles tentam conduzir o processo com abertura. Nunca senti nenhuma restrição ao meu trabalho na UnB. Posso dar meu testemunho de que o reitor José Geraldo é uma pessoa bastante tolerante, que realmente respeita outras posições. Eu tenho posições ideológicas claramente opostas às dele e nunca tivemos qualquer problema de convivência. Nos colegiados, ganha-se e perde-se.
Leia mais aqui
Cristovam Buarque, senador da República e ex-reitor da UnB:
O reitor José Geraldo de Sousa Junior está, sem dúvida, entre as pessoas mais tolerantes e democráticas que conheço. E ainda que fosse autoritário e preconceituoso, como a reportagem da revista Veja tenta demonstrar, não conseguiria se utilizar desses métodos na UnB nem em qualquer outra universidade. A massa crítica que forma as universidades brasileiras não toleraria. No ambiente universitário, as decisões se dão em colegiados e conselhos. O Conselho Universitário, instância máxima da universidade, se reúne praticamente uma vez por semana. Ainda que qualquer reitor quisesse agir como um tirano, isso não seria possível.

Rodrigo Rollemberg, senador, coordenador da bancada do PSB-DF no Congresso:
Estou fora da vida acadêmica, mas conheço o reitor José Geraldo há muitos anos e sei de sua formação democrática e libertária. Portanto não creio em nenhum tipo de perseguição ideológica. Tenho confiança no espírito democrático do reitor. Ele jamais permitiria qualquer tipo de intolerância na UnB. A comunidade acadêmica deve estar unida em torno da consolidação da UnB no debate de temas de interesse nacional e da cidade, independente do pensamento ideológico que cada um tenha, de acordo com suas convicções ideológicas.

Barbara Freitag-Rouanet, professora Emérita da UnB:
Quem afirmar, em 2011, que a universidade criada por Darcy Ribeiro, há cinquenta anos atrás, agora está sendo "palco das piores cenas de intolerância" , tendo sido "tomada por um patrulhamento ideológico tácito", só pode ser muito desinformado ou muito jovem , ou quem sabe: ambas as coisas.
(...)
Sabendo, por experiência própria, o que é patrulhamento ideológico autoritário, intolerância política, xenofobia, machismo e opressão, venho com esta carta aberta REPUDIAR ENFATICAMENTE a matéria tendenciosa, superficial, injusta e pouco comprovada, veiculada pela VEJA, procurando desqualificar a UnB como um centro de qualificação e excelência das novas gerações brasileiras e denegrir a imagem do seu Reitor, José Geraldo de Sousa Junior, equiparando a instituição e seu representante máximo aos tempos negros da ditadura militar no Brasil.
Leia aqui íntegra da carta

Diretório Central dos Estudantes da UnB Honestino Guimarães
Gestão Amanhã Vai Ser Maior
A mesma revista que, em 2005, elogiou o protagonismo do movimento estudantil ao combater Severino Cavalcanti, hoje define como manobra política ilegal a eleição de uma reitoria de forma paritária (com pesos iguais para professores, estudantes e técnicos-administrativos). Esquece que a "manobra" foi aprovada em conselho de maioria docente, composto pelas direções de todas as faculdades e institutos, eleitas autonomamente, como prevê a arcaica Lei de Diretrizes e Bases (LDB). Mais grave ainda, a revista parece ignorar que a paridade foi uma conquista política do movimento estudantil de 2008, quando derrubamos uma reitoria corrupta, cujos contratos e movimentações ainda hoje são investigados pelo Ministério Público da União. Em vez disso, a Veja atribui a ida do ex-professor da UnB, decano da antiga reitoria no período Timothy e ex-diretor da polêmica Finatec, Márcio Pimentel, para o Rio Grande do Sul, a uma suposta perseguição política. A revista, que se diz ferrenha defensora do combate à corrupção, tenta transformar investigados em vítimas. Atitude esperada da mesma publicação que, em 2009, identificou o ex-governador do DF, José Roberto Arruda, como símbolo da volta por cima. Não esperamos nada diferente desta revista, mas é necessário repudiar o falso rótulo da imparcialidade adotado, formador de opinião de parcela considerável de nossa população, cujo acesso a meios de comunicação plurais é extremamente restrito.
Veja aqui íntegra da carta

Diana Pinho, diretora da Faculdade UnB Ceilândia:
A matéria de Veja não é um ataque ao reitor. É um ataque a todos nós, professores. É um ataque aos alunos que ocupam diariamente nossas salas de aula. É um ataque aos nossos pesquisadores que diariamente produzem conhecimento. A matéria é irresponsável, não tem consistência, não traz dados, descreve como tirano um reitor que tem em seu currículo o respeito à diversidade e o amor à democracia, e se sustenta sobre completa desinformação sobre o funcionamento da instituição. Um reitor não define chefias de curso, quem limpa laboratórios ou compra insumos para pesquisa. Isso cabe às unidades acadêmicas, com sua autonomia, colegiados e gestão própria. O reitor não tem interferência direta nas unidades acadêmicas, que são autônomas. A universidade transcende ideologias e é com essa forma de ação que procuramos produzir conhecimento. Sou dirigente de uma unidade com inúmeros problemas, inclusive tratados periodicamente pela imprensa, mas a solução destes problemas depende de nós próprios. É muito fácil se indignar, mas ao nos indignarmos temos de compreender que é necessário viabilizar e construir alternativas.

Noraí Rocco, diretor do Instituto de Ciências Exatas, ex-decano de Pesquisa e Pós-Graduação:
Eu não vejo repressão, nenhuma restrição ao debate, muito pelo contrário. Temos tido a oportunidade de nos manifestar. Nos conselhos, os professores têm toda a liberdade de expressão. Universidade é isso, um debate de ideias. Até no Conselho Editorial da revista DARCY existem divergências de opiniões, mas em prol de um bem comum, em nome de um processo formador mais amplo. Isso eu percebo em todos os conselhos dos quais participo, inclusive no Consuni. Não se concorda com todas as propostas, mas se diverge com argumentos apropriados. Algumas pessoas frustradas recorrem a meios externos para resolver questões típicas do processo interno da universidade. Os editais passam por um crivo institucional, com comissões qualificadas para julgá-los. A implantação do sistema de cotas raciais foi decidida democraticamente, inclusive como uma fórmula experimental. A universidade tem autonomia para fortalecer a política de expansão a atendimento a minorias.

Armando Raggio, diretor do Hospital Universitário de Brasília e mestre em Bioética pela UnB: Como aluno de mestrado, testemunhei o processo democrático que elegeu o reitor José Geraldo. Era evidente a autencidade e a legitimidade com que tudo foi conduzido. Ele tem méritos acedêmicos e é comprometido com a causa democrática. No meu programa de pós-graduação debate, o debate sempre foi livre, franco e aberto. No hospital, temos encontros periódicos com o movimento SOS HUB, formado por alunos. Eles tratam a questão com muito interesse e competência. Têm posições bem definidas e enfáticas. Eu acho isso ótimo, porque tenho a responsabilidade de recuperar o HUB, e para isso a sensibilização de todos é indispensável. Eles são as sentinelas nesse processo. 

Associação Brasileira de Ensino do Direito: O modo mais convincente de educar é com exemplos. A trajetória de vida do professor José Geraldo de Sousa Junior une duas grandes virtudes hoje raras: a excelência acadêmica e o compromisso com a educação emancipadora do povo brasileiro. Infelizmente, estes atributos não foram levados em conta na reportagem publicada pela Revista Veja desta semana. Não é de hoje que certos veículos de comunicação usam do seu espaço para divulgar interpretações particulares de fatos em benefício de objetivos outros não declarados na matéria e que não coincidem com aquele de informar. Por este motivo, consideramos que a matéria veiculada pela Veja não retratou objetivamente a verdade factual. Os professores de direito do Brasil, aqui representados pela Associação Brasileira de Ensino do Direito (ABEDi), manifestam apoio ao seu reitorado na Universidade de Brasília e solidariedade à sua história que muito nos inspira. Assinam a nota os diretores da Abedi: Evandro Carvalho, Rosa Maria Zaia Borges, Alexandre Veronese Aguiar, André Lipp Basto Lupi, Jayme Benvenuto Lima Junior, Nelson Juliano Cardoso Matos, Ângela Araújo da Silveira Espindola, Lucas da Silva Tasquetto, Carolina Alves Vestena.


Gilca Ribeiro Starling Diniz, Decana de Gestão de Pessoas:
Registro aqui meu orgulho de participar desta gestão e aprender todos os dias com a postura do professor José Geraldo, testemunho quase sacerdotal e com esta visão humanística e dialética do mundo. Como diz Edgar Morin no seu pensamento complexo: “é preciso saber que vivemos num plano egocêntrico e num plano cosmocêntrico”, motivo pelo qual acredito que viver é passar do cotidiano mais simples, contraditório, competitivo e antropocêntrico em que estamos inseridos para um outro de natureza planetária, solidária e com respeito às diversidades. Creio ser este um dos nossos maiores desafios a frente da gestão da UnB.
Isaac Roitman, ex-decano de Pesquisa e Pós-Gradução, ex-diretor da SBPC, professor aposentado do Instituto de Biologia e subsecretário da Criança e do Adolescente do GDF: A meritocracia de pesquisa quem estabelece são as agências de fomento, o CNPq e a Finep. Os critérios de ranking, de fomento usam formação e produção acadêmica. A UnB não tem nada de diferente das outras universidades. Tenho críticas a esses critérios, mas a meritocracia existe. Quanto à perseguição política, isso é altamente equivocado. A reitoria usa o sistema de colegiados, câmaras e conselhos que tratam de assuntos maiores. Eu não vejo a estrutura da universidade como algo que favoreça a perseguição. Pelo contrário, se divide o poder de decisão. A reitoria não se intromete em questões que são próprias dos colegiados internos, como alocação de aulas e espaço de professores.

Aldo Paviani, geógrafo e professor emérito da UnB:
Trata-se de uma confusão. O que mudou foi que a juventude está se fazendo ouvir, está subindo a rampa. Isso muita gente não aguenta. Quando a Geografia foi destruída, participei junto com os alunos de um protesto pela reconstrução do departamento. O reitor José Geraldo recebeu a turma toda. Ele tem uma paciência invejável com protestos. Na Geografia, vence quem tem os melhores argumentos, não existe nada arbitrário. A Reitoria pouco interfere nos institutos. Inclusive, o caso da destruição de nossas salas foi discutido por uma comissão. "Veja" é uma revista deletéria que eu desprezo.
Leia aqui íntegra da carta

Ana Frazão, diretora da Faculdade de Direito da UnB:
Diante da reportagem da Veja, venho prestar os seguintes esclarecimentos a respeito das declarações do nosso ex-professor voluntário Ibsen Noronha. O professor Ibsen Noronha, também ex-aluno desta faculdade, foi admitido na condição de voluntário para ministrar a disciplina optativa "História do Direito Brasileiro" e permaneceu nesta condição por alguns semestres até que o Colegiado de Graduação, por indicação dos professores da área, entendeu que a referida disciplina deveria ser extinta. A razão para isso foi de ordem institucional, já que o conteúdo de "História do Direito Brasileiro", de acordo com as diretrizes curriculares do nosso curso, é obrigatório e não podia ser ministrado em disciplina optativa.
Leia aqui íntegra da carta

Gustavo Lins Ribeiro, antropólogo, professor titular e diretor do Instituto de Ciências Sociais:
Falar em perseguição hoje na Universidade de Brasília beira o absurdo. O que existe atualmente são grupos politicamente antagônicos, com convicções muito fortes e que muitas vezes divergem. Ainda estamos vivendo o rescaldo de uma crise político-administrativa que atingiu frontalmente a universidade há menos de três anos. Entretanto, e exatamente por isso, o que precisamos neste momento é fortalecer a universidade. A tarefa dos grupos de bom senso é sobrepor os antagonismos típicos dos ciclos eleitorais. Do contrário, não vamos tirar a universidade dos problemas em que ela mergulhou. É preciso uma política de sentido único, não de acirramento.

José Carlos Moreira Alves, ex-ministro do STF e doutor honoris causa pela UnB, título concedido pelo atual reitor: 
Nunca tive nenhum problema na Universidade de Brasília. Dei minhas aulas sem pressão de qualquer espécie.

Sigmaringa Seixas, ex-deputado federal e advogado de estudantes da UnB na crise de 1976 e 1977:
Por princípio, sou a favor de uma universidade aberta ao debate em qualquer tema e onde as ideias circulem livremente. Assim a UnB foi concebida por Darcy Ribeiro. Tornou-se, entretanto, durante a ditadura militar, em palco de experiências de um processo fascista. Estudantes e professores foram presos de alguns assassinados. Ali estava presente a intolerância. Conheço José Geraldo há mais de 30 anos. Advogamos juntos, em escritório fundado por meu pai, inclusive para estudantes e professores da UnB perseguidos naquela época. A marca do José Geraldo sempre foi a do equilíbrio, do bom senso, e da tolerância. Quem o acusa de intolerante, ou não o conhece, e está sendo leviano, ou o conhece, e está agindo de má-fé.

David Renault, diretor da Faculdade de Comunicação:
É lamentável a maneira como a Universidade de Brasília foi retratada na reportagem da revista Veja. O grande equívoco da matéria é desconhecer em absoluto a estrutura de funcionamento da universidade, e a própria matéria mostra que não houve qualquer esforço de tentar conhecer esse funcionamento. Em uma universidade, grandes decisões não são tomadas individualmente. Quem aprova projetos são os órgãos colegiados. E se as decisões são polêmicas têm de ser altamente negociadas, como aconteceu recentemente nos casos da Finatec e do Cespe, amplamente discutidos no Conselho Universitário. O maior estrago da reportagem é porque atinge toda a instituição.

Pedro Demo, sociólogo e professor emérito da UnB:
Estão atribuindo à UnB algo que é comum às outras instituições em todo o Brasil: a divisão interna entre esquerda e direita. Foi chato o que aconteceu com a promotora, dela ter sido vaiada e não conseguir falar, mas isso aconteceria em qualquer outra universidade que tivesse cotas raciais. Mesmo em assembleias de professores isso acontece. O reitor José Geraldo está tentando recuperar a dignidade da universidade depois dos escândalos envolvendo as fundações. Essa polêmica só indica que a UnB é um lugar aberto, onde essas discussões acontecem abertamente. Os professores têm total liberdade.

Antônio Teixeira, professor da Faculdade de Medicina e coordenador do Laboratório Multidisciplinar de Pesquisas em Doença de Chagas:
Talvez nunca tenha havido tanto liberdade de livre pensar. Há uma diferença entre o momento atual e aquele de retorno à democracia, quando assumiu o primeiro reitor eleito. Havia então um clima muito forte de liberdade, mas misturado com muita euforia, e as discussões acabaram não se aprofundando. Hoje temos liberdade ilimitada de criar e propor. Precisamos aproveitar isso para discutir as questões sérias, como a escassez de financiamento à pesquisa e a subestimação da pesquisa básica.

Debora Diniz, pesquisadora do CNPQ, professora do Departamento de Serviço Social:
É como pesquisadora que reajo à matéria "Madraçal no Planalto" sobre restrição de liberdade de cátedra na Universidade de Brasília. Estou na universidade há 24 anos: primeiro como estudante, depois como pesquisadora e professora. Jamais enfrentei ou presenciei qualquer restrição à liberdade de expressão. Desafio os sete professores citados na matéria a apresentarem evidências, e não rumores, sobre uma infração constitucional desta magnitude.

Lourdes Maria Bandeira, professora do Departamento de Sociologia, ex-subsecretária de Políticas para Mulheres da Presidência da República:
Já ocupei muitos cargos no departamento e na universidade, e nunca sofri repressão nem às minhas pesquisas nem ao meu trabalho. Em sala de aula, sempre disse o que penso. Do ponto de vista formal, a própria estrutura administrativa da UnB não permite perseguição política. Todas as unidades têm autonomia de pensamento e isso sempre foi preservado.

José Manoel Morales Sanchez, diretor da Faculdade de Arquitetura:
Atacar a Universidade de Brasília confere status de poder a quem ataca, porque é uma instituição forte, com uma produção científica e cultural importante no contexto nacional, e, portanto, um lugar onde qualquer jovem gostaria de estudar. Ser aluno da UnB é um sonho e um orgulho. Em pleno processo de expansão acelerada, mudanças são necessárias e, muitas vezes, incomodam. Mas basta olhar a política da atual administração para ver que não se trata de um clube de amigos, tampouco de um ambiente de intolerância. Os editais de apoio às pesquisas científicas, instituídos pela Reitoria, são um exemplo disso, porque representam um marco institucional, um processo amplamente democrático.

Paulo Salles, professor do Instituto de Ciências Biológicas e presidente da Fundação de Apoio à Pesquisa do GDF:
Na UnB a meritocracia funciona e não há nenhuma injunção política. As dificuldades dos pesquisadores não estão na UnB, mas no sistema, com regras de ministérios que não são aplicáveis a uma universidade. No meu trabalho à frente da FAP-DF sempre tive apoio de todos os professores, que compõem uma comunidade de pessoas altamente qualificadas e dispostas a ajudar quem precisa.

Roberto Ventura Santos, coordenador de Laboratório de Geocronologia:
Existem posições discordantes na universidade. Mas não existe restrição a comentários e opiniões. Os debates nos colegiado são sempre abertos, às vezes até demais. Até acho que algumas decisões não devem ser feitas no coletivo, pela sua natureza. Mas os conselhos estão funcionando. Não existe intolerância, mas uma polarização política. Até hoje, muita gente não conseguiu superar o último processo eleitoral. Nas reuniões do Consuni, muitas vezes as pessoas não têm a devida deferência ao cargo de reitor. Acho que isso é até uma decorrência da própria postura do reitor, que é muito aberta.

David Fleischer, professor emérito do Instituto de Ciência Política:
Os conselhos têm funcionado. O que aconteceu com aquela promotora xingada não deveria acontecer em nenhuma universidade do mundo, mas isso foi fora da estrutura administrativa oficial. Tem muitas meias-verdades no artigo da revista Veja, como no caso do professor Márcio Pimentel. Ele assumiu a Finatec num momento muito grave, quando a fundação estava envolvida em denúncias e logo após a queda do ex-reitor Timothy Mullholland. Isso foi um erro político grave dele que não foi mencionado. Esse é um exemplo de como a Veja só contou metade da história.

José Carlos Córdova Coutinho, professor aposentado da Faculdade de Arquitetura:
Fui professor por 37 anos e nunca me afastei completamente. Acompanho tudo o que sucede. Houve repressão na ditadura, mas isso já passou. De uns tempos para cá, mesmo em tempos mais adversos, temos notado um debate aberto, franco, às vezes com alguns excessos, mas da atual gestão não há a mínima restrição. O reitor justifica a frase do Guevara. É firme e tem tomado as medidas para restaurar a respeitabilidade da universidade sem perder a elegância, a compostura e o clima de inteira liberdade. Ele tem sido de uma ética e correção invejáveis. Na Faculdade de Arquitetura, nunca houve discriminação em relação à pesquisa, mas há divergência em relação a conceitos. Trata-se na verdade de um debate acadêmico muito saudável. O professor Flósculo é polêmico, ele divide opiniões. Não é de se surpreender que ele tenha divergências com os colegas, o que não anula seus méritos como professor. Ele é radical em suas opiniões, ele freqüentemente cria divergências acadêmicas.

Vicente de Paula Faleiros, Professor Doutor Emérito da UnB:
A reportagem sobre a Universidade de Brasília está totalmente distorcida, pois somente foram ouvidos depoentes contrários à atual gestão democrática, sem nenhuma prova. A reportagem desconhece a organização de uma universidade, pois os departamentos têm autonomia para contratar professores, fazer funcionar laboratórios, autorizar capacitação, cabendo à Reitoria supervisionar as atividades dentro da lei. A liberdade de cátedra e de expressão faz parte da Universidade de Brasília e está assegurada no seu Estatuto e na prática cotidiana, pois há constantes expressões favoráveis e contrárias sobre quaisquer temas. A UnB é das universidades mais bem avaliadas do Brasil. Que sejam ouvidos os democratas e não apenas a minoria conservadora e raivosa.

Carmenísia Jacobina Aires, diretora da Faculdade de Educação:
Lamento profundamente a matéria publicada por Veja, porque ataca a universidade como um todo, e com um profundo desconhecimento do que é e do que representa a instituição. A universidade é uma instituição complexa e diversa. Essa diversidade é da natureza da instituição e é dela que nasce o conhecimento produzido e repassado diariamente. É claro que enfrentamos dificuldades internas, de gestão, especialmente em um cenário de expansão das atividades, do crescente número de professores, alunos e de produção do conhecimento. Um crescimento que se confronta com problemas como a ausência de fundações, por exemplo, gerada por uma crise político-administrativa que ainda repercute nos dias atuais. É claro que isso gera frustração no corpo docente e de pesquisadores, mas nenhum destes problemas tem o reitor como responsável. O reitor não determina nem mesmo a escolha de representantes para o conselho superior da universidade, que é quem toma as grandes decisões. A mais grave conseqüência da reportagem é a insegurança que pode gerar em nossos estudantes, porque expõe de maneira completamente distorcida a imagem daqueles que são seus mestres”.

Marcelo Bizerril, diretor da Faculdade UnB Planaltina:
A universidade se sustenta em seus inúmeros colegiados e conselhos. E nos colegiados e conselhos dos quais participo como docente e dirigente jamais ouvi, suspeitei ou me foi relatado qualquer situação que soasse ou se parecesse com a suposta perseguição política pela atual administração. É muito estranho que a reportagem trate de algo que não percebemos nem de longe no cotidiano da universidade. Temos todas as dificuldades de qualquer instituição pública brasileira.

Simone Perecmaniss, vice-diretora da Faculdade de Agronomia e Veterinária:
A direção da FAV esclarece que em nenhum momento houve perseguição à professora Concepta McManus Pimentel, citada na reportagem, e que a mesma encontra-se em outra instituição para acompanhamento de cônjuge e não por motivos políticos ou de outra ordem.
(...)
A direção da Faculdade de Agronomia e Veterinária faz questão de repudiar o teor completo da matéria publicada na Veja, principalmente pelo tom jocoso e nada respeitoso como foi tratada a Universidade de Brasília, cuja excelência acadêmica e ambiente democrático são referência para todo o Brasil. O que a revista deixou de mostrar na matéria publicada foi a UnB que após ter vencido a crise vivenciada em 2008, reativou seus conselhos e colegiados, reiniciou sua jornada democrática e começou a discutir alguns de seus temas mais polêmicos. Nestes últimos dois anos, a universidade praticamente transformou o conceito de extensão anteriormente utilizado, continuou produzindo ciência e tecnologia, fortaleceu e ampliou o atendimento aos discentes na graduação e na pós-graduação e hoje encontra-se reestruturando seu projeto pedagógico político institucional, para encarar o futuro a ela reservado, como instituição de ensino de pública, gratuita, laica, de qualidade e socialmente referenciada. Como membros da comunidade UnB, esperamos a retratação oficial da revista, após a difamação de nossa universidade. 
Leia aqui íntegra da carta

Adilson Gurgel de Castro, educador jurídico e membro do Conselho Nacional do Ministério Público:
Conheço o cidadão brasileiro e atual Magnífico Reitor da Universidade de Brasília José Geraldo De Souza Junior, há muitos anos. Em boa parte desses, trabalhei pessoal e diretamente com ele, em especial: na Comissão do MEC responsável pela aplicação do antigo ‘Provão’ em Direito e na Comissão Nacional de Ensino Jurídico, do Conselho Federal da OAB. Por isso, posso testemunhar sua competência, seu profundo conhecimento de Filosofia, de Filosofia do Direito e de Educação Jurídica, bem como sua maneira afável e cordial no tratar com as pessoas e sua fidalguia com todos. Estas são as razões pelas quais a ele hipoteco minha solidariedade em face da infeliz, lamentável e tendenciosa reportagem denegridora da sua imagem, publicada na edição desta semana da revista Veja.

José Carlos Moreira da Silva Filho, professor do Programa de Pós-Graduação em Ciências Criminais da PUCRS (mestrado e doutorado):
É lamentável que a revista Veja publique reportagem tão leviana sobre o atual momento da Universidade de Brasília (Edição 2224). As afirmações no estilo "certeza absoluta" que a reportagem faz são baseadas apenas em depoimentos esparsos de pessoas que são declaradamente contrárias politicamente à atual gestão da UnB. Não vi na reportagem nenhum esforço em ouvir o outro lado, mais parecendo um tribunal inquisitorial no qual o réu já está condenado desde o início. Ao estilo da denúncia  irresponsável várias afirmações são apresentadas sem nenhuma prova.

Luiz Cláudio Cunha, jornalista. Foi chefe das sucursais de Porto Alegre e Brasília da revista Veja, entre 1972 e 1983:
A universidade, por definição, é o espaço da tolerância e do livre pensamento. É sempre o primeiro alvo dos sistemas arbitrários, dos regimes de força, dos tiranos de plantão. Localizada no quintal do poder, a Universidade de Brasília foi o centro acadêmico mais atingido pela ditadura. Perseguiram e exilaram Darcy Ribeiro, seu primeiro reitor. Torturaram e mataram Honestino Guimarães, seu líder estudantil, ainda hoje um dos desaparecidos políticos do país. Teve o seu campus invadido pelo Exército e padeceu o comando de ferro por nove anos de seu reitor mais longevo, um capitão-de-mar-e-guerra ali ancorado pelos militares para afogar a rebeldia universitária. A UnB foi um bravo centro de resistência, nos anos de chumbo, e retoma sua função de debate revigorante e aceso conflito nos anos de liberdade. Divergência e consciência são argila e massa que fazem esta Universidade viva, criativa e crítica. Nenhuma universidade vive, sobrevive ou convive com madraçais do fundamentalismo intransigente e sectário que deprime e oprime - na religião, na política, na ideologia e até no jornalismo.

Carlos Chagas, jornalista e professor titular aposentado da Faculdade de Comunicação:
Em 1977, havia muita intolerância e repressão, mas não adiantou nada. Prevaleceu a democracia e tem sido assim desde então.

Célia Maria Ladeira Mota, jornalista, professora da Faculdade de Comunicação
As acusações feitas pela reportagem Madraçal no Planalto agridem profundamente a verdade que é praticada no campus da UnB: a de plena liberdade de expressão. É preciso conhecer a estrutura organizacional da universidade que vigora desde o fim da ditadura para entender que não há como o reitor José Geraldo de Souza perseguir professores. O regime de decisão é colegiado, desde os departamentos às faculdades e institutos.Assuntos como escolha de disciplinas e currículos são decididos diretamente no departamento em questão. José Geraldo de Souza, ex-diretor da Faculdade de Direito, é reconhecido por seus colegas como uma pessoa de profunda posição democrática, autor de teses sobre o Direito Achado na Rua, em que defende a Justiça ao alcance dos mais humildes. Esta revista deve profundas desculpas não só ao reitor da UnB, mas a toda comunidade acadêmica, que tem se expressado livremente em sua gestão. Não tenho procuração para defender ninguém, mas não posso aceitar uma reportagem que agride de forma desonesta e maldosa a pessoa do reitor da UnB. O que o repórter fez não é jornalismo, mas lobby de algum grupo insatisfeito.
Leia íntegra da carta

Neio Campos, professor da Geografia e Diretor do Centro de Excelência em Turismo
A reportagem da última edição da revista Veja mostra mais uma vez como a farsa se repete como farsa. A reportagem quer enganar seus leitores, passando a eles uma falsa imagem da Universidade de Brasília. O que soa como matéria plantada para macular a imagem da instituição. O que é ainda mais inconcebível, pois demonstra, aí sim, uma intolerância ao jogo democrático. Ora, dizer que a nossa UnB é intolerante com a sua própria comunidade é cair no lugar comum dos falsos consensos. Então, por que a revista não ouviu professores com visão contraposta aos seus entrevistados? Por que não ouviu alunos? Por que não ouviu funcionários? Somos uma comunidade, não apenas de professores. 
Leia aqui íntegra da carta

Luís R. Cardoso de Oliveira, professor titular de Antropologia e chefe do Departamento de Antropologia
Expresso minha solidariedade em relação à reportagem do último número da Revista Veja. Além de inverídica e abusiva, a reportagem não se preocupa em ouvir outras visões ou a própria administração da UnB, salvo pela citação descontextualizada de sua referência aos professores, devidamente esclarecida na carta dirigida esta manhã aos professores, funcionários e estudantes de nossa Universidade. Sinto-me particularmente à vontade para expressar este apoio inequívoco ao reitor neste episódio pois temos algumas divergências importantes no que concerne a modelos de gestão universitária. Não obstante, faço questão de reconhecer a abertura ao diálogo e à pluralidade de ideias em sua gestão. 

Ricardo Farret, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UnB  
Com muito orgulho, fui professor da UnB por quase 40 anos, e fiquei chocado com as leviandades publicadas pela revista Veja. Pessoalmente, não conheço o reitor, mas, pelo que vivenciei na UnB, as críticas são maldosas e, sem dúvida, motivadas por interesses nada acadêmicos. Que o sistema de mérito ainda está longe dos parâmetros recomendáveis, é um fato, Mesmo assim, é inadmissível admitir as insinuações da Veja.


Fernando Edmundo Chermont Vidal, professor do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental 
Não li a reportagem a qual nosso reitor responde, vou procurar lê-la, nem sei quem são os seis professores ouvidos pela revista Veja. Só sei que a dita revista e useira e vezeira em atacar Brasília. Se esquece que aqui estão brasileiros de todas as partes e que esta cidade não tem a culpa de ter acolhido alguns que aqui praticaram toda sorte de "patifarias". Agora, ao que parece, resoveu atacar a nossa UnB. Conheço o reitor há muito, forjado nas lutas pela redemocratização de nossa querida Universidade. Em quem acreditar, no que que fala José Geraldo ou nos seis professores que não sei ainda quem são e na Revista Veja? Prefiro, mesmo ainda sem ler a reportagem, ficar com nosso Reitor.

Luis Afonso Bermudez
Professor Titular do Departamento de Engenharia Elétrica e diretor do Centro de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da UnB
Gostaria muito de me juntar às inúmeras mensagens de solidariedade. A forma não republicana e não democrática como revista se referiu a nossa instituição é de total desconhecimento do dia a dia acadêmico e administrativo. Sim, temos problemas, mas temos a experiência e a vivência para suplantá-los com participação de todos os seguimentos internos e externos a UnB.

Maria Francisca Pinheiro Coelho
Professora do Departamento do Sociologia e ex-presidente da ADUnB
A universidade é o espaço da autonomia e da diversidade. Sua excelência se manifesta na indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. A instituição não pode se contaminar por posições político-ideológicas, sob o risco de comprometer suas atividades de produção e transmissão do conhecimento. As pessoas que têm percepções diferentes deveriam procurar divulgar suas ideias em um debate amplo e aberto no espaço público em busca do convencimento. Não pelo ataque. A matéria da Veja, que deveria informar e não deformar, transmite uma visão unilateral e tendenciosa da UnB. Por isso, não contribui para a compreensão dos seus problemas hoje. O maior deles, em minha opinião, é a ausência de uma discussão sobre o comportamento dos alunos, sua responsabilidade na sala de aula e sua visão de mundo, que só nos chega pelos trotes autoritários e machistas e pelas festas desmedidas no campus. A liberdade de expressão e manifestação não deve ser confundida com o poder fazer tudo. Mas essa é uma hora de união de todos para defender a UnB contra uma matéria jornalística ofensiva ao dirigente máximo da instituição. Quem sabe crescemos todos nesse momento. Não é só o passado de luta e de resistência da UnB que deve ser rememorado com glória. Aliás, vangloriar o passado e criticar o presente é também uma forma de não enfrentarmos os problemas e desafios atuais.

Dioclécio Luz
Mestre em Comunicação pela UnB
É lamentável que nos últimos anos a revista Veja tenha resolvido enlamear sua própria história – de defesa da democracia – para se tornar um arauto dos interesses do que existe de mais atrasado em termos de poder no país. E aqui, antes de tudo, faço a defesa do jornalismo, e não do reitor, a quem não conheço pessoalmente. Quem estuda jornalismo percebe o enquadramento puramente ideológico da matéria: o uso de termo arcaico e definidor na manchete ("madraçal"), a escolha dos depoimentos (todos contra o reitor), a seleção de fotos (a principal mostra um aparente caos numa assembléia), a crítica ao fato dos estudantes participarem da escolha do reitor, a colocação de "especialista" para criticar os métodos do reitor, a colocação da foto do "especialista", numa pose centrada, professoral, acima da foto do reitor. Tudo isso a gente aprende a ver quando estuda jornalismo. E constata que temos aqui propaganda. Quanto a nós, que estudamos e pesquisamos e damos aula de jornalismo, devemos fazer o que nos cabe: mostrar na sala de aula como não se deve fazer jornalismo.

Vanessa Maria de Castro
Professora da Faculdade UnB Gama e do Centro de Desenvolvimento Sustentável da UnB
Foi com profunda indignação que li a matéria da Revista Veja. A UnB já foi palco de diversas lutas e transformações políticas e sociais que este país já viveu, e a história não será diferente agora. Somos diversos, diferentes e isso compõem o universo acadêmico. Venho solidarizar-me neste momento e acredito que cabe fazer a seguinte pergunta, a quem interessa a matéria da Veja? Ou melhor, a quem interessa destruir a imagem da UnB no conjunto da sociedade?

Fernando Seabra Santos
Ex-reitor da Universidade de Coimbra e Professor Visitante Estrangeiro da UnB
Talvez não fique bem a um Professor Visitante esta tomada de posição sobre um assunto da vida interna da UnB, cujos detalhes dificilmente conheceria ao fim de apenas três meses de permanência. Mas, porque sei avaliar o peso da solidão, nos momentos em que tudo parece nos cair em cima, não resisto a enviar-lhe esta mensagem que é também uma afirmação pessoal de apreço e consideração e uma manifestação de pertença a uma Universidade que me acolheu bem e na qual me está a ser muito agradável trabalhar. Há uma altura em que os universitários descobrem as virtudes da comunicação social sensacionalista e a aproveitam em detrimento da discussão interna, séria, dos problemas, em busca das possíveis vias de solução. E há uma outra em que, mais amaduridos, percebem, por detrás do eventual sucesso mediático de curto prazo, as consequências devastadoras para o bom nome da instituição e de todos os que lá trabalham, incluindo eles próprios. Na minha opinião, provavelmente mal informada, este episódio resulta não tanto de reacção às alegadas perseguições, mas mais da vontade de alguém, talvez até de fora da UnB, com interesses específicos de natureza política e/ou comercial, em deitar abaixo o prestígio de uma grande Universidade pública. E a Universidade, até porque não é verdade o que eles afirmam nem pode utilizar o mesmo tipo de armas, está sempre numa posição vulnerável a estes ataques.

Amílcar Queiroz
Professor do Instituto de Física
Sou testemunha de que a UnB está muito mais democrática, aberta e livre do que no meu tempo de estudante. O funcionamento pleno do Consuni é prova indiscutível desse fato. Nem havia Consuni atuante em algumas gestões anteriores. A UnB é um espaço em que podemos sim pensar livremente, trabalhar tranquilamente. E a massa humana e intelectual que tenho encontrado na UnB é impressionante. Agora, a UnB parece ter vivido uma enorme parte de sua história tendo grupos de pessoas que parecem viver por futricar contra a UnB fora da UnB. Eu, pelo contrário, sou orgulhoso dessa minha Alma Mater, e sempre propagandeio as melhorias e os esforços de melhoria de nossa comunidade fora da UnB. Quantas universidades no mundo possuem um espaço tão democrático quanto o Minhocão, onde todos se encontram diariamente (físicos, sociólogos, filósofos, matemáticos, biólogos, psicólogos, enfim, todos). A vontade e o entusiasmo dos estudantes é certamente o melhor elixir contra essa tentativa de impor a pasmaceira geral. Viva o Consuni. Viva a UnB.

Tania Cristina Rivera
Ex-professora do Instituto de Psicologia da UnB e docente da Universidade Federal Fluminense
Gostaria de expressar minha indignação pela matéria de Veja. Todos que conhecem o reitor José Geraldo de Sousa Junior e conhecem verdadeiramente a história da UnB têm clareza a respeito de sua postura e de suas realizações.

Rodrigo Dantas
Professor do Departamento de Filosofia da UnB
Segundo a revista Veja, “a liberdade de expressão sempre foi um valor sagrado na universidade, mas na UnB ela foi revogada para que em seu  lugar se instalasse a atitude mais incompatível que existe com o mundo acadêmico: a intolerância”. Para ela, a UnB teria se transformado num “madraçal esquerdista em que a doutrinação substituiu as atividades acadêmicas essenciais”. Para a Veja, não importa a quantos anos-luz este enunciado possa estar da realidade concreta de quem vive, estuda e trabalha cotidianamente na UnB: basta-lhe apenas utilizar o poder material de fabricar a (sua) própria realidade em imagens e palavras e fazê-la circular entre milhões de pessoas para transformá-la numa verdade que não  poderá ser refutada pela pura e simples ausência dos meios materiais necessários para isso.
(...)
Para os que vivem, estudam e trabalham na UnB, a reportagem da Veja pode ser facilmente desmentida pelos fatos porque podemos fazer nosso próprio juízo a partir de nossa própria experiência. 
Leia aqui íntegra da carta.
Marcio Pimentel
Em função da matéria recentemente veiculada por VEJA sobre a UnB e sobre a resposta do reitor à mesma, nas quais sou citado, solicito que a mensagem abaixo seja divulgada. Não tenho outro meio de divulgação na UnB, portanto busco a SECOM.


"Apesar de me encontrar em missão oficial no exterior, acompanhei a matéria publicada na revista VEJA e a resposta do reitor à mesma. No que me toca, acredito que alguns pontos têm que ser esclarecidos; tanto em relação à matéria da revista quanto à resposta do Reitor. Esclareço que depois de deixar a Universidade de Brasília nunca mais me manifestei publicamente sobre a atual gestão da UnB.  Não foi diferente em relação à recente matéria da VEJA.  Por motivos obviamente éticos, simplesmente sempre me recusei a emitir publicamente qualquer juízo sobre a atual administração da UnB, uma vez que fui candidato na última eleição para a reitoria da UnB. Eu e minha esposa fomos, de fato, há cerca de dois meses, procurados pelo repórter de VEJA.  Entretanto simplesmente nos recusamos a emitir qualquer comentário sobre a UnB. Julgamos que isso não nos diz mais respeito. Hoje faço parte do quadro docente de outra universidade federal e não me toca mais emitir juízo sobre o que se passa na UnB. Confesso que muito me entristeceu a matéria de VEJA, assim como me decepcionou a resposta da reitoria que nos acusa de intolerância ao procurar a imprensa para divulgar nossas frustrações ou queixas. Esse definitivamente não foi o caso.  Não procuramos ninguém pois isso não faz parte de nossas motivações e nossas prioridades. Buscamos nossas satisfações pessoais em outras fontes. Assim, ao sermos procurados pela imprensa,  não nos manifestamos e definitivamente nos recusamos a falar com o repórter. Portanto, não há porque nos cobrar provas sobre o que foi alegado em relação à perseguição política, como sugerido por alguns, simplesmente porque não formulamos qualquer acusação em relação a isso.

Espero que o episódio represente um ponto final de nossa história com a UnB, o que eu achava que já havia ocorrido.

Marcio Pimentel"
* Na noite de quarta-feira, o ministro Gilmar Mendes enviou e-mail com solicitou ampliação de seu depoimento com os seguintes esclarecimentos sobre a reportagem de Veja:
Tendo sido procurado pela Secretaria de Comunicação da Universidade de Brasília (Secom-UnB), fiz detalhadas considerações sobre a matéria “Madraçal no Planalto”, publicada na edição 2.224 da Revista Veja (Ano 44. n. 27). A Secom, todavia, reproduziu minha declaração apenas parcialmente, de sorte que entendo importante esclarecer os seguintes pontos:

1. Destaquei a cordialidade e o respeito acadêmico que sempre marcaram a convivência com o Prof. José Geraldo de Souza Júnior, reitor da Universidade de Brasília;
2. Chamei a atenção, porém, para algumas tentativas, no âmbito da Faculdade de Direito, de jogar alunos contra professores, usando aqueles como verdadeira massa de manobra nas divergências entre docentes. Ressaltei que a incitação dos alunos, em geral, e dos centros acadêmicos, de forma particular, inclusive para apresentação de representações contra colegas, arruína o ambiente acadêmico e tolerante de que necessita uma universidade;
3. Realcei o excepcional trabalho realizado pela Profa. Ana Frazão à frente da Faculdade de Direito da UnB na abertura de novas linhas de pesquisa e de contribuições acadêmicas. Como se sabe, a direção vem sendo alvo de injustos ataques por parte de grupos interessados na desestabilização;
4. Também critiquei de forma veemente a ideia da denominada “estatuinte” para criar paridade entre os votos nas decisões da Universidade. A proposta é evidentemente ilegal, pois viola o art. 16, II, da Lei n. 5.540/1968, na redação da Lei 9.192/1995;
5. Entendo que o ethos da Universidade consiste na incessante busca de excelência acadêmica, que não pode se subordinar a quaisquer interesses externos, ainda que nutridos de boas intenções;
6. Frise-se que, em contato pessoal com o reitor José Geraldo de Souza Júnior, externei idênticas preocupações, chamando a atenção para a possibilidade de que disputas internas levem a Faculdade de Direito a quadro de conflito permanente.
Gilmar Mendes
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