Garanhuns-PE, 30 de agosto de 2011
Primeiro, eu queria cumprimentar aqui os estudantes da primeira turma de Medicina do campus de Garanhuns da Universidade de Pernambuco e, com isso, eu quebro, justamente, o protocolo porque hoje é o dia de vocês e esta aula inaugural, que muito me honrou, faz com que eu reconheça a importância, não só aqui para Pernambuco, mas a importância simbólica da turma de vocês para o Brasil.
Eu queria também agradecer as palavras do governador Eduardo Campos, e dizer que, mais uma vez, eu me orgulho desta parceria que nós construímos ao longo dos anos, que começou no governo do presidente Lula e, certamente, continuará ao longo do meu governo.
Queria cumprimentar a primeira-dama, Renata Campos,
Queria cumprimentar também o magnífico reitor da Universidade de Pernambuco, o senhor Carlos Fernando Calado,
E cumprimentar, de maneira especial, o nosso ministro Fernando Haddad, da Educação,
Cumprimento também os meus ministros que me acompanham nesta viagem a Pernambuco: ministro Fernando Bezerra, da Integração Nacional; Mário Negromonte, das Cidades; Helena Chagas, da Secretaria de Comunicação Social,
Cumprimentar o nosso deputado, presidente da Assembleia Legislativa do estado, Guilherme Uchoa,
Queria cumprimentar os senadores Armando Monteiro e Humberto Costa, aqui presentes,
Os deputados federais Fernando Ferro, Inocêncio Oliveira, Luciana Santos, Paulo Rubem Santiago, Wolney Queiroz,
Cumprimentar e agradecer pela recepção ao prefeito de Garanhuns, Luiz Carlos de Oliveira e, por intermédio dele, gostaria de saudar todos os prefeitos e as prefeitas aqui presentes,
Cumprimentar também, de maneira especial, porque este é um dia importante – eu tenho certeza – para ele, o diretor do campus de Garanhuns, Pedro Henrique Falcão,
Cumprimentar todos os professores e as professoras aqui presentes,
Dirigir um cumprimento ao José Winalan, que nos recebeu aqui e também a cada um de vocês que integram a turma do curso de Medicina, dessa primeira turma do curso de Medicina aqui de Garanhuns.
Cumprimentar também os senhores e as senhoras da imprensa aqui presentes, os cinegrafistas e os fotógrafos.
E a todos os presentes aqui nesta aula inaugural.
Meus caros estudantes de Medicina desta primeira turma de Medicina da Universidade... da UPE, campus de Garanhuns. Vocês fizeram, sem dúvida, uma escolha difícil ao optarem pelo curso de Medicina, difícil e de grande responsabilidade. Já foi sinalizado que vocês tiveram que superar bastantes desafios, superar as dificuldades que sempre significam entrar no curso de Medicina. Agora, vocês estejam também preparados para estudar muito - provavelmente, mais do que os alunos dos outros cursos -, para longas jornadas de leitura e preparação de provas e para abrir mão de uma parte de suas atividades de lazer.
O curso de Medicina, sem dúvida, é um dos cursos mais intensos e que exige muito de seus alunos, que lhes impõe nos primeiros anos atenção e dedicação aos estudos e, eu espero, que vai perdurar por toda a vida. Vocês escolheram uma profissão cujo centro de atenção é a pessoa humana. E no caso do nosso país, nós temos de ter um cuidado especial com a qualidade da saúde, e isso significa que vocês serão os sujeitos principais desta ação e desta atividade.
Vocês, quando escolheram essa profissão, esperavam prevenir doenças, dar conforto aos que sofrem e usar o conhecimento científico para curar e prolongar a vida. E a opção de vocês é ainda mais feliz por ter sido feita onde foi feita. Vocês vão se tornar médicos no interior do Brasil, justamente onde o país mais precisa de profissionais como vocês serão, eu estou certa, dentro de alguns anos. O fato de estarem iniciando o curso de Medicina na Universidade de Pernambuco aqui em Garanhuns, dá a todos vocês a grandeza que têm os desbravadores. Vocês são o símbolo de um novo país, que nós estamos, com muito esforço, construindo. Um país que busca levar o desenvolvimento a todo o seu território, e não um país que segrega esse desenvolvimento a umas tantas quantas regiões do país e a umas tantas quantas camadas sociais.
Nós sabemos que, por exemplo, em 1952, um menino com sete anos de idade foi obrigado a deixar Caetés, então distrito de Garanhuns, para acompanhar sua família ao litoral de São Paulo. Foram 13 dias na carroceria de um caminhão em busca de alguma chance de sobreviver à pobreza e de construir uma vida mais digna. Esse menino lutou – eu testemunhei uma parte dessa luta – e lutou a vida inteira até se tornar presidente da República Federativa do Brasil. E eu tenho certeza de que ele teria muito orgulho de dar... estar aqui hoje, até porque ele valorizava extremamente a Educação e a qualificação das pessoas.
Eu tenho certeza de que o nosso ex-presidente Lula, ele não precisava ter nascido aqui em Garanhuns para lembrar a importância do estudo. Como tantos outros brasileiros que não puderam estudar, ele sabia a importância do estudo na sua vida. Ele, sem sombra de dúvida, que nunca pôde frequentar uma universidade, deu uma importância extraordinária a voltar a abrir cursos universitários no Brasil; novas universidades; a interiorizar campus universitários e a criar escolas técnicas. O meu compromisso é fazer este processo avançar. Fazer com que regiões como o Norte e o Nordeste, estados como Pernambuco, assim como o interior do Brasil e todas as regiões do Brasil tenham o estímulo de que precisam e as oportunidades para que o nosso país cresça.
Pernambuco e o Nordeste vêm respondendo com riqueza, progresso e inclusão social, a tudo o que o governo federal tem investido aqui, e por isso eu agradeço, de coração, ao nosso governador de Pernambuco, Eduardo Campos.
Um estudo que foi feito, se eu não me engano, no mês passado, é muito significativo. Esse estudo é um estudo do IBGE e ele mostra que está, no Brasil, ocorrendo uma inversão do fluxo migratório. Aquele fluxo que levou o menino Lula para São Paulo hoje está sendo invertido, e uma das coisas mais fantásticas de se ver é que na última década, nos últimos oito anos, nós tivemos um crescimento de oportunidades que fez com que as famílias pudessem viver e criar seus filhos nos lugares onde elas nasceram. A volta ao Nordeste talvez seja um dos maiores prêmios por esse processo de crescimento e inclusão social.
Também nesse final de semana, um jornal de São Paulo noticiou que a economia da região Nordeste continua crescendo mais do que a economia das outras regiões, atraindo vultosos investimentos públicos e privados, sobretudo aqui em Pernambuco. Sem sombra de dúvida, a liderança do Governador e a participação de todos os pernambucanos tiveram um papel muito importante nesse processo. Não é por acaso que Pernambuco tem índices de emprego bem superiores à média nacional.
Essa nova situação do país, com a inclusão do interior entre as prioridades do desenvolvimento – que nós perseguimos sempre, desde o início do governo Lula e agora, com o meu compromisso de fazer isso avançar cada vez mais – é fruto de uma visão estratégica e de uma conjunção de esforços que incluem a disposição da iniciativa privada, a vontade da sociedade civil, a luta dos prefeitos, a competência dos governadores e a posição do governo federal.
Nós estamos interiorizando o crescimento econômico para incluir todas as regiões brasileiras nos frutos do progresso, e isso é importantíssimo para o Brasil. Não basta levar riqueza econômica. É importante, sim, a riqueza econômica, é fundamental para o círculo virtuoso, que cria crescimento econômico, distribuição de renda e inclusão social. Mas é fundamental prover o interior de todas as regiões do Brasil de acesso a serviços públicos de qualidade, tais quais aqueles oferecidos às regiões anteriormente únicas e mais ricas do Brasil.
Mas também nós temos de ousar, nós temos de querer um padrão de qualidade similar àquele das regiões desenvolvidas. Se nós queremos de fato ser um país diferenciado, nós não podemos só olhar o crescimento do PIB ou o crescimento do emprego e da renda. Nós temos de olhar também a qualidade da Educação pública, a qualidade da Educação e, por isso, também a qualidade de outros serviços e, no nosso caso preciso, de serviços de Saúde. A Universidade de Pernambuco em Garanhuns e a turma de Medicina integrada por vocês correspondem perfeitamente a essas duas prioridades. Educação, que nós queremos de alta qualidade e, ao mesmo tempo, oferta de serviços de Saúde de qualidade.
Há poucos dias, nós lançamos uma nova etapa do Plano de Expansão da Rede Federal de Ensino, e mantivemos o nosso compromisso com a interiorização de universidades e escolas técnicas. Serão 208 novos campi, ou melhor, 208 novos Institutos Federais de Educação Tecnológica; 47 novos campi universitários, além de 4 novas universidades até 2014. Com isso, avançamos mais um passo para continuar democratizando e descentralizando o ensino superior e o acesso a um ensino técnico de qualidade.
Queremos garantir a todos os brasileiros – aos jovens e àqueles que não tiveram também oportunidade de estudar quando eram muito jovens – o acesso à capacitação técnica, por que não à universidade, e queremos também ensino de qualidade, com professores qualificados e remunerados.
Não tenham dúvida: oportunidades como a que vocês hoje terão serão, por nosso esforço, eu tenho certeza, levadas aos brasileiros de todo o nosso país. Também nós estamos adotando – e aí, é muito importante que vocês se formem e se tornem médicos – uma estratégia para melhorar o atendimento de saúde pública no Brasil, também com um olhar para todo o território nacional.
Os brasileiros das capitais, das cidades médias, dos pequenos municípios, das regiões mais remotas do Brasil, todos, sem exceção, têm direito à saúde pública de qualidade e têm direito à saúde pública ofertada olhando para cada um deles como sendo uma pessoa humana, a chamada saúde pública com humanidade.
Para esse objetivo, eu espero poder contar com profissionais de saúde, que vocês serão em breve. Uma das dificuldades para melhorar a saúde pública no Brasil é o insuficiente número de médicos e sua má distribuição sobre o território nacional. Hoje o Nordeste tem 28% da população brasileira e apenas 17% dos médicos. Em todo o Brasil temos falta de médicos, e isso fica mais agudo ainda nas cidades do interior e nas regiões do Nordeste, do Norte e do Centro-Oeste. Não que nas demais regiões não faltem médicos, é que nessas regiões que eu citei faltam mais médicos. Por isso, eu determinei ao Ministério da Educação – ao MEC – e ao Ministério da Saúde que, juntos, preparem um plano nacional de educação médica a ser lançado até outubro. O nosso objetivo é aumentar em 4,5 mil o número de médicos formados ao ano e também interiorizar os cursos de Medicina, mantendo um elevado padrão de qualidade. Nesse plano, está incluída não só a expansão e interiorização da graduação, mas da graduação, mas também a interiorização da residência médica, de forma a assegurar que os estudantes que se formem nessas regiões do país tenham acesso a oportunidades de residência de extrema qualidade.
Esse processo é um processo que nós não vamos medir esforços, no sentido de assegurar que haja uma participação dos centros de excelência existentes no Brasil na garantia de qualidade, tanto da graduação, mas, sobretudo, do processo de residência médica ao longo de todo o meu período de governo, e também focando bastante na solução de um grave problema do Brasil, que hoje nos aflige – para garantir uma Saúde de qualidade – que é a insuficiência de médicos.
Aqui em Garanhuns, temos um exemplo virtuoso do que estamos querendo levar a todo o Brasil. Não que nós vamos descansar e cruzar os braços aqui em Garanhuns. Não, vamos fazer um esforço para, de fato, tornar exemplar esse curso de Medicina, e isso, vocês podem contar – eu tenho certeza – com a parceria do MEC, com o governo federal e com o governo do estado.
Na verdade, vocês aqui são parte de uma profunda transformação do Brasil, aquela transformação conduzida pela aceleração do desenvolvimento nas diversas regiões do país e pela oferta regional de oportunidades de Educação.
Por isso, hoje eu digo que vocês estão fazendo história aqui, porque esse cenário de desigualdade está mudando, e essa mudança se intensifica com essa interiorização do ensino de Medicina, como está acontecendo nesse momento.
Existem pesquisas que mostram que os médicos costumam se estabelecer nas regiões em que estudaram e em que fizeram residência. É por essa razão que nós estamos realizando a expansão dos programas de residência, sobretudo nessas regiões que eu mencionei, para oferecer oportunidades aos jovens que, como vocês, irão se formar em todos os estados dessas regiões e ali poderão continuar a sua especialização e dedicasse à sua profissão. É por isso também que eu me atrevo a fazer um convite a vocês: criem laços com esta região em que vocês estão vivendo. Descubram as necessidades do povo daqui. Façam amigos, namorem, casem, se estabeleçam aqui, e ajudem a transformar... e ajudem a transformar esta região, esta cidade, em um polo de excelência em saúde. Depende de vocês e de nós. Por isso, eu acredito que seremos capazes. O interior do Brasil precisa de mais médicos; precisa de bons médicos, como vocês, certamente, serão. Aqui haverá – e serão construídas cada vez mais – boas condições de trabalho, de remuneração, perspectivas de futuro para jovens profissionais que, como vocês, poderão usufruir deste processo daqui para frente.
Há uma perfeita articulação entre esse processo de crescimento do estado de Pernambuco e o fato de que nós podemos oferecer serviços públicos de qualidade para a população brasileira. O governo federal, eu posso assegurar para vocês, está decidido a mudar a realidade da distribuição dos profissionais de saúde no território brasileiro. Estamos tomando medidas concretas de estímulo e incentivo aos estudantes que optarem por regiões e por especialidades de maior interesse do Sistema Único de Saúde. Vamos investir pesadamente em saúde pública durante o meu governo.
Os estudantes e os médicos que se interessarem pelas demandas do Sistema Único de Saúde, vale dizer, pelas demandas de saúde do povo brasileiro, terão vantagens: descontos quando usarem o Fundo de Financiamento aos Estudantes do Ensino Superior, o FIES; descontos, ou melhor, o acesso a uma maior pontuação em residência quando optarem também por satisfazer as demandas do SUS. E eu asseguro a vocês: certamente vocês não ficarão sem trabalho. Nós temos consciência de que a saúde é uma das maiores preocupações do povo brasileiro, junto com a educação e a segurança pública.
Eu assumi, ao longo da minha campanha eleitoral, e agradeço a vocês os votos que eu recebi aqui em Pernambuco. Mas eu assumi três importantes compromissos, que se traduzem numa missão, uma missão que é uma missão que uma Presidenta da República tem de encarar. Eu quero dizer para vocês que essa missão é melhorar a qualidade do serviço público de Educação, de Saúde e de Segurança no Brasil. Eu vou buscar todas as formas de cumprir esse compromisso, de me aproximar cada vez mais da sua realização.
Eu queria dizer para vocês que o orçamento da Saúde no Brasil, ele tem crescido, no governo federal. Nesse último ano, ele se ampliou em R$ 10 bilhões. Nós lançamos vários programas que eu considero fundamentais, como o programa Saúde Não Tem Preço, que distribui 11 medicamentos contra hipertensão e diabetes em mais de 16 mil farmácias. Em julho, só para vocês terem uma ideia, 2,8 milhões de brasileiros obtiveram medicamentos gratuitos contra hipertensão e diabetes.
Lançamos o Plano Nacional de Fortalecimento das Ações de Prevenção, Diagnóstico e Tratamento do Câncer do Colo de Útero e de Mama, que vai atender a quase 16 milhões de brasileiras por ano. Queremos que todas, todas as brasileiras tenham acesso a exames para prevenir e, em caso de necessidade, tratar o câncer de forma célere e digna. Com a Rede Cegonha, nós queremos atender a 62 milhões de mulheres com uma gama completa de serviços: teste rápido de gravidez, pelo menos seis consultas durante o pré-natal, exames clínicos e laboratoriais, serviços do Samu Cegonha, vaga certa para realização do parto, atenção integral à criança até ela fazer dois anos. Enfim, apoio a todas as mulheres brasileiras que decidirem ter filhos.
Um país sempre vai se medir pela capacidade de atender suas mães e suas crianças. Por isso, nós temos muita necessidade de profissionais na área da Saúde.
Nós estamos também muito determinados em ampliar e qualificar toda a rede de oferta de serviços de saúde. Temos de reformar e ampliar Unidades Básicas de Saúde, temos de melhorar as Unidades de Pronto Atendimento, expandir leitos hospitalares, eliminar vazios assistenciais e, sobretudo, ter um olhar muito cuidadoso para as populações mais pobres, que precisam e querem, e têm direito a uma saúde de qualidade.
Todas essas ações, cujo mérito cada um de nós conhece profundamente como cidadãos e cidadãs, como profissionais da área da Saúde, exigem uma nova distribuição dos médicos no território brasileiro. Sem médico não há Unidade Básica de Saúde, sem médico não há Unidade de Pronto Atendimento ou hospital que funcione adequadamente, sem médico não há humanização do tratamento. Vamos enfrentar esse desafio.
Vocês, que hoje começam o curso de Medicina aqui em Garanhuns, são parte de nossa aposta na transformação do Sistema de Saúde. Passa por vocês o desafio de fazer do nosso SUS, cada vez mais, um sistema de saúde público que ofereça a todos os cidadãos brasileiros o acesso ao incontestável direito à saúde.
Meus caros, meus queridos estudantes de Medicina,
Caros cidadãos médicos daqui a seis anos,
Vocês escolheram a profissão certa, no lugar certo e no momento certo. Vocês nos ajudarão a fazer história em nosso país. Serão sujeitos e protagonistas de uma era de desenvolvimento e de uma era de prosperidade para o Brasil, para um país que se transforma em direção a uma sociedade muito mais democrática, inclusiva e muito mais justa. O futuro de vocês está começando aqui. Desejo a todos vocês um curso de profundo aprendizado, de profundo esforço, de muito estudo e uma carreira brilhante, plena de realizações e com muito sucesso.
Felicidades a cada um de vocês, queridos rapazes e moças do curso de Medicina da Universidade de Pernambuco, campus de Garanhuns.
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