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domingo, 8 de janeiro de 2012

MATÉRIA: Padre expulso pela ditadura emociona fiéis e fala de política


Padre expulso pela ditadura emociona fiéis e fala de política

POSTADO ÀS 23:07 EM 07 DE Janeiro DE 2012
RIBEIRÃO (PE) - Trinta e um anos depois de ser expulso do País pela ditadura militar, o padre italiano Vito Miracapillo celebrou na noite deste sábado (7) uma missa para comemorar autorização que recebeu para voltar definitivamente para o Brasil.

A notícia da volta do pároco de Ribeirão (Zona da Mata de Pernambuco) que se viu obrigado a deixar a cidade em 1980 por se recusar a celebrar uma missa em homenagem ao Dia da Independência demorou a se espalhar. Muita gente só se deu conta de quem comandaria a cerimônia apenas quando chegou à capela de São Pedro e São Paulo, erguida pelo próprio religioso, em 1978.


"Fiquei sabendo agora, quando cheguei à igreja. Foi uma maravilha vê-lo aqui. Ribeirão renasceu hoje", entusiasmou-se o agricultor aposentado Amaro Pedro Feliciano, 70, que teve os três filhos batizados por Miracapillo.



Tradicional, o padre demonstrou certo estranhamento diante de uma cerimônia repleta de músicas e discretas coreografias com as mãos. Mas quem foi, gostou. A dona de casa Amara Maria da Silva, 77 anos, emocionou-se ao abraçar novamente o amigo. "Aqui todo mundo tinha o maior amor pelo padre Vito. Ele é uma criatura ótima. A cidade ficou um alvoroço quando ele foi embora. A gente torce para que ele venha e fique aqui de vez".


Miracapillo foi mandado embora a pedido do então deputado estadual pela Arena Severino Cavalcanti (PP). "São coisas que a gente paga por querer transformar a realidade. Naquele dia (da expulsão), lembro que não tive medo. Disse para mim que o que estava acontecendo dizia que, naquele momento, eu estava no nível do povo e estava sendo, de verdade, pastor desse povo".



O religioso voltou ao Brasil com a mesma opinião que tinha antes de ser expulso: o trabalho da igreja deve ajudar a política. "Sempre acreditei que a igreja e o trabalho pastoral ajudassem a política a ser justa e a saber distribuir as riquezas do País".


Em 1993, o decreto da expulsão foi revogado e o padre passou a vir ao Brasil como turista. Mas mesmo a passeio, não deixou de ser um crítico observador da situação política do País. "De 1993 para cá eu vi que houve melhoras. Mas na democracia os problemas têm que ser resolvidos estruturalmente. A política tem que resolver esses problemas. Acho que o Brasil está criando condições autênticas de democracia".



Nesta segunda-feira (9), às 10h, o Vito Miracapillo vai à Polícia Federal para começar a resolver a burocracia para sua permanência. Depois disso volta à Itália, onde aguardará a decisão de seus superiores para, então, tentar voltar de vez para a cidade que o acolheu.


"Vamos dar graças a Deus porque o Ministério da Justiça reconheceu que aquela expulsão foi algo ilegal e arbitário da ditadura", festejou sem deixar de lado a crítica.
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