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terça-feira, 11 de outubro de 2011

OPINIÃO: Professor Sandro Sayão (Filosofia da UFPE) fala sobre a humanização do Campus da UFPE

É de fundamental importância saber que tomam eco entre os alunos os mesmos elementos que nos excitam a pensar e a projetar uma nova UFPE e novo CFCH. É indispensavel trabalharmos juntos neste novo momento da UFPE. O desafio que nos compete é de grandes proporções, além de multifacetado e complexo.

Entregue a necessidades tecnicistas e mercantilistas, que dizem da urgência do progresso a todo custo, a sociedade faz do contexto atual das Universidades no Brasil algo peculiar, no qual a responsabilidade socioambiental, a dimensão ética e moral, as questões do compromisso humano de uns com os outros se esvaíssem diante da competição e do ego narcisista que busca em muitos meios o exercício de seus desejos.

Com frequência o que se vê, é o absurdo descaso para com as questões humanas mais fundamentais, sendo o mais próprio de nosso tempo relegado a um segundo nível, restrito a alguns guetos onde ainda se preza pelo debate atento das questões do nosso tempo e pelas questões que afligem nossa alma. Antes de mais prédios e mais energia, precisamos repensar sobre nós mesmos, sobre o que queremos do nosso futuro e sobre como devemos repensar nosso presente. A violência em muitos âmbitos e a destruição socioambiental têm mostrado que algo não vai bem, que nós não estamos bem.

Creio realmente ser um avanço a UFPE estar abrindo espaço para isso. Já era hora. Nosso novo reitor Anísio tem se mostrado aberto e receptivo, o que é algo por demais significativo. Essa sensibilidade vai nos ajudar a dar voz a um novo modelo de Universidade. Uma Universidade em que se assuma definitivamente que desenvolvimento econômico e melhoria da qualidade de vida não são necessariamente sinônimos e que pesquisas ou atividades incólumes, elitistas, não devem ter espaço em nosso meio. 

Precisamos do apoio de todos para que algo de concreto seja realmente feito e para que o sentido de humanidade que se quer, no qual vigora a força da solidariedade e da democracia tomem vez e voz.

Enfim, a Universidade é espaço de diálogo, troca, criticidade, debate, construção do conhecimento, convívio. Não podemos esquecer dos ideais de democracia, solidariedade, bem/viver e o compromisso com o conhecimento científico que justificam e sustentam toda e qualquer instituição como a nossa. Não podemos, embalados por sonhos elitistas esquecer que temos um compromisso com nosso tempo, com nosso meio, com nossa região. Há que se abrir espaço para as múltiplas vozes do nosso tempo, para que tomem eco as muitas vozes mudas que gritam por um novo modo de ser e por uma nova sociedade. Quando escutarmos este grito, talvez consigamos encontrar o sentido que nos falta.
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