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terça-feira, 10 de maio de 2011

MATÉRIA CULTURAL: Mamam abriga recorte da vasta produção do pernambucano Montez Magno

FONTE: http://www.folhape.com.br/index.php/entretenimento/636649-no-labirinto-de-montez-magno


Rodrigo Almeida
Se decidíssemos passear pelas inúmeras vertentes estéticas, inquietações criativas ou suportes multimidiáticos que marcaram a guinada de intenções do final da modernidade sem sair da trajetória de um único artista; quando as transgressões das vanguardas do início do século XX haviam sido canonizadas, ocupavam largamente as pautas dos museus e novas tendências marginais naturalmente emergiam, o pernambucano Montez Magno seria um caso exemplar. Autodidata, o artista abandonou a Escola de Belas Artes ainda jovem e apesar de participar de inúmeras Bienais, sempre se manteve desconhecido do grande público por não reverenciar o mercado da arte, ostentando uma posição isolada, distante dos coletivos e grupos, “não se prendendo a nada” como ele mesmo gosta de assumir. Para quem quiser conhecer a sua diversidade, o trânsito que estabelece entre poéticas e técnicas, a exposição comemorativa de 55 anos de sua carreira, incentivada pelo Funcultura, abrirá as portas amanhã e seguirá até o dia 19 de junho, ocupando os três pisos do Museu de Arte Moderna Aluísio Magalhães - Mamam.

Segundo Bete Gouveia, curadora do evento e professora de teoria da arte e expressão artística da UFPE, o processo de seleção de obras, auxiliado pelo curador-adjunto e pesquisador Itamar Morgado, foi bastante complicado graças à profusão do universo de Montez: “a casa dele estava entulhada de possibilidades, chegava a lembrar um labirinto, quanto mais gavetas eu abria, mais gavetas apareciam”. Contudo, a paixão e inquietação despertadas pela trajetória do artista e a vontade de dar visibilidade a um trabalho aparentemente desconhecido e que “merecia um debruçar-se sobre” serviram de estímulo para levar a exposição adiante. A pesquisa de catalogação durou três anos, Bete estima que existam cerca de 2000 obras, das quais 150 estarão expostas no museu. Ou seja, não se trata de uma enorme retrospectiva, mas de uma pequena amostra afetiva dividida em eixos para melhor orientar a contemplação dos visitantes dentro das inúmeras fases, amenizando a dificuldade de fruição diante do caráter multifacetado e experimental do artista.


No momento de organizar a exposição, decidir quais obras entrariam e quais ficariam de fora, a heterogeneidade de suportes utilizados por Montez ao longo de sua carreira desmembrou qualquer tentativa de categorização baseada nos parâmetros da modernidade, de um fio-condutor, de um único estilo-síntese. Os curadores perceberam que seria uma contradição encaixar nesse modelo uma obra tão camaleônica, onde a diversidade, diferentemente da busca por unidade, se afirma como âmago estilístico. Montez segue pela impossibilidade de rótulos, apostando em diálogos intertextuais, no nomadismo estético, desconstruindo a razão geométrica mondriana, homenageando Marcel Duchamp, brincando com o cineasta japonês Akira Kurosawa na série ‘Dodeskaden’, esculpindo corredores intrincados com telas, instalações, objetos recontextualizados, registro de performances, jogos, poemas visuais, fotografias, xeroarte e gravuras. No entanto, mesmo com toda orientação curatorial, para adentrar no labirinto sinestésico de Montez Magno é preciso confiar, assim como Mallarmé, no verso que nos lembra que “um lance de dados não abolirá jamais o acaso“.

Serviço
55 anos de Arte - Montez Magno
Abertura: Amanhã às 19 horas
Visitação 12 de maio a 19 de junho de 2011
De terça a sexta, das 12h às 18h.
Sábados e Domingos, das 13h às 17h.
Museu de Arte Moderna Aluísio Magalhães - Mamam
Rua da Aurora, 265
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